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  Morre o médico sanitarista Sergio Arouca, referência mundial na área de Saúde Pública

  04/08/2003

O médico sanitarista e ex-presidente da Fiocruz Sérgio Arouca, falecido na noite do último sábado (02), vítima de câncer, foi homenageado nesta segunda-feira pelos funcionários da Fundação. Cerca de 500 pessoas se reuniram em frente ao Castelo de Manguinhos para participar de um ato em memória de Arouca. O corpo do médico foi cremado hoje.
Como consultor da Organização Pan-Americana de Saúde - OPAS - atuou no México, Colômbia, Honduras, Costa Rica, Peru e Cuba
 
Por toda a sua produção científica e a liderança conquistada na construção do Sistema Único de Saúde (SUS), Arouca tornou-se uma referência mundial na área da Saúde Pública. Havia assumido, em janeiro passado, a Secretaria de Gestão Participativa do Ministério da Saúde e foi nomeado para a coordenação geral da 12ª Conferência Nacional de Saúde. Era o representante do Brasil na Organização Mundial de Saúde (OMS).
 
Arouca nasceu em Ribeirão Preto (SP) e formou-se médico pela Universidade de São Paulo - USP - em 1966. Em sua vida acadêmica, buscou vincular-se sempre com as propostas de democratização da sociedade brasileira na defesa de que todo cidadão tenha direito à saúde, entendida não só como assistência médica, no momento adequado e com a qualidade necessária, mas também como uma série de condições para que a população não adoeça: reforma agrária, educação, lazer, liberdade, habitação digna, transporte, etc.
 
Arouca recuperou o prestígio da Fiocruz no campo da pesquisa científica
e do desenvolvimento tecnológico
 
Como consultor da Organização Pan-americana de Saúde - OPAS - atuou em vários países: México, Colômbia, Honduras, Costa Rica, Peru e Cuba. Professor concursado da Escola Nacional de Saúde Pública - ENSP - da Fiocruz, lecionou alguns anos até ser convidado a trabalhar com o governo sandinista da Nicarágua. Nesse período, Arouca iniciou seus laços com o sistema de saúde cubano, assessorando-o tanto na formação de recursos humanos quanto no desenvolvimento de programas assistenciais. Ele voltou para o Brasil em 1982, quando foi eleito chefe do Departamento de Planejamento da ENSP.
 
Em 1985, foi indicado como candidato à Presidência da Fiocruz. O impulso foi feito por um movimento da comunidade de Manguinhos, através de uma frente suprapartidária, reforçada pelo então secretario-geral do Ministério da Saúde, Eleutério Rodriguez Neto, e pela médica sanitarista Fabíola Aguiar Nunes. Esse movimento ultrapassou as fronteiras da Fundação e tornou-se um movimento nacional, conseguindo a nomeação para presidente da instituição em 3 de maio de 1985.
 
Arouca recuperou o prestígio da Fundação no campo da pesquisa científica e do desenvolvimento tecnológico, o que a notabilizou por ter sido a instituição de ponta na formulação e discussão da política brasileira de saúde. Presidiu a 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, a primeira que conclamou o usuário do sistema de saúde a debater o tema. Neste período foram realizadas pré-conferências em todos os estados. Os resultados da Conferência subsidiaram o texto da saúde na Constituição Federal, em 1988. Como presidente da Fiocruz reintegrou os dez cientistas cassados pela ditadura militar, no episódio conhecido como "Massacre de Manguinhos".
 
Cerca de 500 pessoas se reuniram em frente ao Castelo de Manguinhos para
um atoem homenagem a Sergio Arouca
 
Foi também, em 1987, secretário de Estado da Saúde do Rio de Janeiro e nessa condição escolhido por unanimidade pela plenária de entidades de saúde para apresentar a defesa da emenda popular apresentada à Assembléia Nacional Constituinte. Ocupou a Presidência da Fiocruz até abril de 1988, quando exonerou-se para concorrer como vice-presidente da República na chapa do PCB, com Roberto Freire.
 
Foi ainda candidato a vice-prefeito do Rio de Janeiro na chapa de Benedita da Silva. Arouca foi deputado federal por oito anos e ocupou diversos cargos em comissões de saúde, ciência e tecnologia, sempre na defesa da modernidade e interesse do trabalhador. No início da atual gestão do prefeito César Maia, Arouca foi secretário municipal de Saúde do Rio. Era casado com a médica sanitarista e ex-deputada estadual pelo PPS Lúcia Souto e deixou quatro filhos: Pedro, Lara, Nina e Luna.
 
 
 
   
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