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  Ministro afirma que vai fortalecer rádios comunitárias
Terlânia Bruno
  12/03/2003

A jornalista Laura Matos, colunista da Folha de São Paulo, que cobre assuntos ligados a radiodifusão, comunitária inclusive, entrevistou o ministro das Comunicações, Miro Teixeira que surpreendeu quando ao falar sobre a repressão às rádios comunitárias, afirmou que "em 90 dias deverá desaparecer a base jurídica para esses requerentes que promovem judicialmente o lacre dos transmissores" . Leia a matéria, a seguir. 
 
"Vou fortalecer as rádios comunitárias", diz ministro
 
LAURA MATTOS
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
 
O tratamento dado às rádios comunitárias no governo Lula está distante do que propôs a equipe de transição do PT.

Em relatório produzido no final da gestão FHC, petistas encarregados de avaliar a área de comunicações recomendavam a suspensão da repressão às emissoras sem autorização para operar.

O documento, ao qual esta coluna teve acesso, dizia ainda que se a repressão continuasse, os processos judiciais ocorreriam "em pleno início do governo Lula, causando desgaste político desnecessário para o mesmo".

O fechamento das rádios, no entanto, não parou nem nos últimos dias de Fernando Henrique nem nos primeiros do PT, o que decepcionou defensores de comunitárias, entre eles, membros da equipe de transição, e tranquilizou donos das estações comerciais.

Sobre essas questões, a Folha conversou com Miro Teixeira (PDT), ministro das Comunicações de Lula. Abaixo, a entrevista:
 
Folha - A repressão às rádios sem autorização para operar continua com a mesma intensidade da época de FHC. Isso vem decepcionando defensores das comunitárias...
Miro Teixeira - [Decepciona" Inclusive a mim. Rádio comunitária é um dos mais eficientes meios de democratização da informação. Já pedi às entidades que identificassem alguma ação da Anatel [Agência Nacional de Telecomunicações, responsável pela fiscalização] não amparada por decisão judicial. Ainda não recebi. Quando receber uma, terei como agir, porque estaremos diante de uma violência denunciável. Mas se houver liminar para a Polícia Federal lacrar o transmissor [da comunitária], não tenho como agir. Não tenho como pedir para ministro da Justiça dizer à PF para não cumprir ordem judicial.

Folha - Como o sr. pretende interferir nesse assunto tão polêmico?
Miro - Primeiro, organizaremos as solicitações de autorizações. Em 90 dias, deverá desaparecer a base jurídica para esses requerentes que promovem judicialmente o lacre dos transmissores.

Folha - Em 90 dias, então, o sr. terá dado autorização a todas?
Miro - Não a todas, porque temos de fazer triagem do que é verdadeiramente comunitário.

Folha - O Conselho de Comunicação Social falou em dividir a responsabilidade de conceder autorizações com as prefeituras.
Miro - Acho complexo. Se não assumir a responsabilidade, estarei adotando solução fácil que, no fim, será uma fuga do problema. A linha que traçarei é de fortalecimento das comunitárias. Essa é uma política do ministério.
 
 
 
   
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