12/04/2018
Estudantes visitaram o Helipondo Edu Chaves da Câmara Municipal de SP. Foto: Ruam Oliveira/ OBORÉ
No sábado, 7 de abril, Dia do Jornalista, estudantes do curso Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter - módulo do Projeto Repórter do Futuro voltado aos diferentes temas da cidade – revisitaram, no primeiro encontro desta 11ª turma, a obra do cronista, jornalista e escritor Lourenço Diaféria, reconhecido como o maior cronista urbano de São Paulo.
Marta Ziller, professora de música e colaboradora de Diaféria em algumas de suas obras, participou da conversa com os estudantes, contando como se tornou fã do cronista e também sua amiga pessoal e de toda a sua família. Marta foi responsável por recuperar e organizar toda a obra de Diaféria publicada na imprensa em três grandes volumes, presenteando a família após a morte do jornalista, em 2008.
“A crônica - este exercício banal de dizer bom dia a quem nem sempre conhecemos - requer despojamento de espírito e alguma familiaridade. Acho que estamos conversados. Li certa ocasião na traseira de um caminhão na BR-116 esta frase: ‘Os beijos que te dou não pagam frete’. É uma frase bonita. Eu a assinaria agora, no pé destas coisas tolas e fúteis que escrevo, se eu fosse um cara de assinar frases de caminhão. Na verdade, não almejo tanto. Desculpem, sou apenas um cara do Brás. Mas meus beijos também não pagam frete”.
Nesta crônica intitulada “Rol da Vida”, lida durante o encontro por Ana Luisa Zaniboni Gomes, jornalista e diretora da OBORÉ, o cronista apresenta a si mesmo em um grande exercício de descrição.
O encontro aconteceu na sala Oscar Pedroso Orta, da CMSP. Foto: Ruam Oliveira / OBORÉ
“O exercício da crônica é também observar o detalhe”, disse Ronald Sclavi, professor de jornalismo e coordenador pedagógico do módulo. Sclavi ressaltou as qualidades de uma boa crônica e a importância de que o repórter treine o olhar, o observar a cidade, para fazer um bom trabalho de reportagem. Sclavi e Sergio Gomes, diretor da OBORÉ e coordenador geral do Projeto Repórter do Futuro, dividiram a condução desta primeira atividade.
Os próprios estudantes fizeram a leitura de uma das mais importantes e conhecidas crônicas do autor – Herói morto. Nós., publicada em 1º de setembro de 1977 no jornal Folha de S.Paulo e que rendeu a prisão de Diaféria, além de seu enquadramento na LSN (Lei de Segurança Nacional), pois o conteúdo foi considerado ofensivo às forças armadas.
O encontro de sábado também teve surpresas: um passeio ao heliponto da Câmara Municipal de SP, onde os participantes puderam ver a cidade de cima e observar ruas, prédios e locais pelos quais costumam se deslocar pela capital paulista, e um piquenique na Praça Vladimir Herzog, a praça dos Jornalistas, localizada atrás da CMSP.
Na próxima semana os estudantes irão entrevistar Frederico Bussinger, consultor, ex-presidente da SP-Trans e CPTM para tratar sobre Mobilidade na Cidade de São Paulo.
Saiba mais
Paulistano do Brás, Lourenço Diaféria escreveu e assinou crônicas na Folha de S. Paulo, Jornal da Tarde, Diário Popular, Diário do Grande ABC, para rádios como Excelsior, Gazeta, Record e Bandeirantes, e mais de duas dezenas de livros de crônicas e novelas literárias.
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