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30/08/2017
O evento faz parte de uma série de workshops realizados no âmbito do Projeto Traços da Resistência. Foto: Ruam Oliveira / OBORÉ
Laerte Coutinho e Jaime Prades participaram de workshop nesta quinta, 6/7, no auditório do Centro de Documentação e Memória da Unesp (CEDEM-Unesp). Ambos integram um time de artistas do traço que fizeram parte do início da OBORÉ, na década de 1970, e abordaram o processo de criação adotado por eles para dar vida e voz aos trabalhadores na imprensa sindical da época, produzida na Editora.
Este evento faz parte de uma série de workshops promovidos pelo CEDEM no âmbito do Projeto Traços da Resistência, que visa preservar e digitalizar o acervo da OBORÉ Editorial através do edital Rumos, do Itaú Cultural, e deve estar acessível ao público no início do ano que vem, tanto de maneira física quanto em plataformas digitais.
Laerte, que assina grande parte do material iconográfico do Fundo OBORÉ, relatou que considera bastante “singular” que esteja ocorrendo esta sistematização e preservação deste acervo. Ela relembrou o período de criação da OBORÉ e o contexto de sua fundação, ressaltando que um dos grandes desafios era trabalhar a linguagem entre os diferentes veículos da imprensa sindical.
Nesta época os jornais eram, de acordo com os artistas, “todos os mesmos” – produzidos por uma única pessoa em todos os estágios. A ideia era de que houvesse diferenciação entre os produtos, pois o público, apesar de composto pela classe operária, não representava apenas um sindicato.
A intenção de todos os profissionais que compunham a OBORÉ era de elevar o patamar da comunicação sindical. “A OBORÉ – principalmente pela catarse do Sérgio – conseguiu reunir muita gente boa. Ela não só gerava conteúdo como também dava suporte às discussões que serviriam para a criação de novo material”, disse Prades.
O artista apontou que neste período houve uma mudança de paradigma na imprensa dos sindicatos, evidenciados pela busca constante de melhorias no projeto gráfico e na estética do que era produzido por eles.
Laerte Coutinho explicou que um dos desafios da equipe era encontrar o tom correto da linguagem usada nas peças e textos. E que a criação de personagens era parte da estratégia de comunicação. “A ideia era que o operário se identificasse com o personagem, e que [este personagem] servisse de estímulo para a luta deles”, contou.
Sergio Gomes, jornalista, diretor e fundador da OBORÉ, presente ao evento, explicou que uma tática usada por eles era o chamado “Baião de Três” - peças com uma chamada publicitária, um texto enxuto mas denso e uma ilustração criativa e muito bem feita. “O leitor viria por um destes meios”, disse.
Na ocasião, os artistas também visitaram o espaço onde o material está sendo analisado, identificado e catalogado e reviram algumas de suas produções.
Este é o segundo workshop realizado pelo CEDEM no âmbito do Projeto Traços da Resistência. O primeiro deles, ocorrido em março deste ano, tratou sobre Conservação Preventiva com a professora Telma Madio, do Departamento de Ciência da Informação da Faculdade de Filosofia e Ciência da Unesp, campus Marília.
O acervo do Fundo OBORÉ Editorial está em fase final de identificação. Desde março deste ano uma equipe de historiadores da Unesp trabalha para higienizar, sistematizar e digitalizar o material que integra o Projeto Traços da Resistência. São quase cinco mil ilustrações de artistas como Laerte, Fortuna, Glauco, Henfil, Chico Caruso, Jaime Leão e outros, além de Hemeroteca Sindical contendo jornais e peças de divulgação, pautas e fotografias.
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