Projeto Repórter do Futuro recebe Prêmio Abraji de Contribuição ao Jornalismo Brasileiro Texto: Ruam Oliveira (OBORÉ). Foto: Alice Vergueiro
02/08/2017
Sérgio Gomes, ao lado de amigos e representantes das instituições apoiadoras do Repórter do Futuro. Foto: Alice Vergueiro
O Prêmio Abraji de Contribuição ao Jornalismo Brasileiro, que em 2017 está em sua quarta edição, foi entregue, em sessão solene na tarde desta quinta-feira, 29, durante o 12º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo.
Quem recebeu o prêmio deste ano foi o Projeto Repórter do Futuro pelas mãos do coordenador geral do Projeto, o jornalista Sérgio Gomes, diretor da OBORÉ - entidade responsável pela realização dos cursos de formação universitária para estudantes de comunicação.
Sérgio Gomes está à frente do Repórter do Futuro desde sua criação, em 1994. O jornalista, no entanto, fez questão de reforçar que este Prêmio pertence a uma grande equipe e não apenas a ele. "Este reconhecimento pela Abraji do significado do PRF é da maior importância”. Avesso ao “culto à personalidade”, Sergio Gomes entende que projetos podem ir além da vida de alguém, como é o caso do Repórter do Futuro, que há 25 anos dedica-se á formação de jovens jornalistas.
Quem entregou o Prêmio a Sérgio Gomes foi o jornalista Audálio Dantas, seu amigo de de longa data. Audálio comentou sobre a trajetória de Sergio Gomes desde seus tempos de estudante universitário até a criação da OBORÉ e do Repórter do Futuro. “O Serjão é um irmão do mundo (...) Cada vez mais o admiro. Tentei entendê-lo, mas até agora não consegui".
Durante a homenagem, Sérgio convidou para se juntar à ele no tablado a equipe coordenadora atual e representantes das instituições apoiadoras: Ana Luisa Zaniboni Gomes, diretora da OBORÉ, Cristina Cavalcanti, secretária executiva; Ricardo Paoletti, assessor de imprensa da Federação dos Professores do Estado de São Paulo (Fepesp), Pedro Ortiz, que neste ano coordena a Redação Laboratório da Cobertura do Congresso Abraji - atividade integrante do Repórter do Futuro, Aldo Quiroga, da equipe de coordenação pedagógica, Manuel Carlos Chaparro, professor aposentado da ECA/USP e conselheiro do, projeto, Diogo Alcântara, do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), e José Roberto de Toledo ( ex aluno de Sergio na ECA/USP, onde tudo começou).
Thiago Herdy, presidente da Abraji, destacou que escolher o Projeto Repórter do Futuro como homenageado deste ano foi coerente com o que a instituição apoia. “A Abraji é uma entidade que acredita na formação dos jornalistas como uma das melhores estratégias para aprimorar o jornalismo que vem sendo praticado no Brasil. E o Repórter do Futuro faz isso há 23 anos”, disse.
Assista ao vídeo da Entrega do Prêmio:
Carlos Wagner também foi homenageado na ocasião
Todos os anos durante o Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, a Abraji homenageia uma figura considerada importante para o jornalismo brasileiro. Na edição de 2016, a homenageada foi Elvira Lobato, que destacou características necessárias para ser um bom repórter especial.
Este ano o homenageado é Carlos Wagner, ex-repórter do jornal Zero Hora. Vencedor de mais de trinta prêmios - dentre eles, sete Prêmios Esso Regionais. Wagner aposentou-se das redações em 2014, após 31 anos trabalhando no jornal gaúcho.
“Tem que ter a ambição de querer ser lembrado (...) O repórter é o cara que anda no escuro e não tropeça", disse Carlos Wagner em documentário feito pela Abraji sobre sua vida. O filme traz depoimentos de antigos colegas de trabalho e editores.
Entre brincadeiras sobre a profissão e sua rotina de trabalho, Wagner comentou sobre o atual contexto político e disse ter dúvidas em relação ao que está sendo publicado sobre a Operação Lava Jato. Ele critica o fato de a imprensa não realizar uma investigação independente. “Nós estamos publicando relatórios”
Ele encerrou sua fala apontando que as redações atualmente estão caminhando para uma quebra de hierarquias, onde o repórter é responsável por todos os processos da reportagem, desde escrever até editar e publicar.
Criado oficialmente em 1994, o Projeto Repórter do Futuro surgiu como um curso de complementação universitária, de capacitação e profissionalização de estudantes de jornalismo. Ministrado por especialistas e jornalistas profissionais, busca articular reflexão e prática jornalística, promovendo o autodesenvolvimento e incentivando as carreiras dos jovens. Seus cursos, ofertados semestralmente, contam com o apoio e parceria de organizações da sociedade civil (incluindo a Abraji), faculdades de jornalismo, profissionais da área e lideranças diversas.
Os cursos desenvolveram uma metodologia própria de conferências de imprensa seguidas de entrevistas coletivas. Gomes diz que o funcionamento é o mesmo de uma “sala de aula invertida”: os estudantes, que sabem de antemão da presença dos especialistas, escutam uma palestra por quarenta minutos e depois se organizam para entrevistá-los. s alunos devem então produzir textos e, ao fim do curso, executar uma proposta de produção jornalística para publicação. Os textos são avaliados individualmente, em encontros com o instrutor do curso.