27/11/2002
O jornalista Breno Altman foi o
convidado da manhã de 23 de novembro, no II Curso de Informação sobre Jornalismo
em Situações de Conflito Armado, promovido pela OBORÉ Projetos Especiais e o
CICV (Comitê Internacional da Cruz Vermelha), como mais um módulo do Projeto
Repórter do Futuro.
Altman é jornalista independente e escreve,
atualmente, para a revista Reportagem, onde colaborou pela última vez com uma
grande entrevista com Fidel Castro. O jornalista esteve em Colômbia, El Salvador
e Nicarágua cobrindo situações de conflito armado e distúrbios internos, nos
últimos anos.
A experiência em América Latina deu a Altman uma visão
diferenciada sobre os fatos e a cobertura que a grande imprensa faz destes
fatos, sobretudo no nosso continente. “É raro os veículos brasileiros terem
correspondentes no exterior, e quando têm eles ficam em Paris, em Londres e em
Nova York. Nenhum jornal tem escritório em Buenos Aires”, diz o repórter. “O
Brasil é um país desinserido do continente, que desconhece sua a cultura, que
acredita que existe uma certa hegemonia de sua parte em relação aos outros
países da América Latina, além do fato de a elite brasileira ser profundamente
mais colonizada, cujos olhos estão sempre mais voltados para a Europa e
EUA.”
Para Altman, a cobertura do conturbado governo de Hugo Chavez, na
Venezuela, é um bom exemplo do despreparo da imprensa brasileira, que acabou
“comprando peixe podre” ao reproduzir material de agências de notícias
internacionais. Para ele, o perigo de um golpe na Venezuela não está afastado e,
ainda assim, nenhum veículo brasileiro trata do assunto com profundidade ou
mantém um correspondente em Caracas. O mesmo acontece com a Argentina, na
opinião de Altman. |