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  Sobre o "Envelope da Solidariedade IV" e os Direitos Humanos
Sérgio Gomes, jornalista e diretor da OBORÉ
  10/12/2016

São Paulo, 10 de dezembro de 2016

Agora que uma grande parte da JUVENTUDE está se espantando com tantos fatos preocupantes – e começa a ficar curiosa para entender o        que está por trás de tudo isso (e para onde as coisas podem nos levar) -   ganha fôlego uma ideia de jerico  (*) que pretende virar uma onda:

- Não adianta escrever pois ninguém vai ler!

Sobretudo se tiver mais do que dois parágrafos, envolver datas, sequências históricas, personagens desconhecidos e encadeamento de acontecimentos que possam, eventualmente, dar sentido ao fluxo.

Subestimam os jovens, estimulam a preguiça intelectual e apoiam-se, cinicamente, em conceitos sofisticados como “ modernidade líquida” e falsos argumentos sobre a velocidade dos novos meios de comunicação e o modelo do “ cada um no seu quadrado” como impeditivos para que venham a ter uma visão geral referenciada.

A tal da Visão Política, da Polis, da cidade, do País, do mundo como um todo.

Então, vamos ver se isso acontece aqui comigo, com você.

Hoje, 10 de dezembro de 2016, comemoram-se 68 anos da promulgação pelas Nações Unidas da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Todos os seus 30 artigos foram incorporados à Constituição Brasileira de 88 que, por sua vez, foi fruto de um Processo Constituinte que durou quase 20 meses.

Finalmente, tínhamos chegado à Constituição Cidadã e derrotado a Ditadura!

Por isso estamos aqui na Praça Memorial Vladimir Herzog!

E o que isso tem a ver com o Vlado?

Leia atentamente a história em quadrinhos do Maringoni que ele publicou em outubro de 2005 na revista “Aventuras na História”.

Está aqui neste ENVELOPE DA SOLIDARIEDADE IV.

Hoje, não há quem não tenha ouvido falar de Laerte. Sobretudo por suas posições mais do que avançadas em defesa das questões relacionadas a gênero, ao Gênero Humano.

Mas quem sabe o que ele tem sido nestes mais de 45 anos de atividade criativa ininterrupta?

O que ele tem a ver com Ditadura, luta contra ela, a turma do Vlado naqueles idos dos anos 70, seu papel articulador em meio ao sufoco que se seguiu à morte do Vlado, a capacidade de produzir (e espalhar) lucidez e esperança ?

Leia atentamente à “Carta Aberta “ que Jal, Gual, Daniela e eu lhe endereçamos quando do lançamento do “ ENVELOPE DA SOLIDARIEDADE – VLADO, 30 ANOS DE VIDA ETERNA”, na Catedral de São Paulo, dia 23 de outubro de 2005, e fique sabendo quem é esse personagem histórico e em que rolos andou se metendo.

Por isso, ele está aqui com a gente, hoje, nesta Praça Memorial!

Mas como chegamos a este lugar, com esta fisionomia e destinado a ser o território livre dos que se bateram, batem e baterão pela Liberdade e a Justiça?

Como as obras do Elifas Andreato vieram parar aqui nesta latitude? E ainda falta uma delas (a reprodução em ponto grande do “Troféu Vladimir Herzog de Jornalismo, Anistia e Direitos Humanos”) que será erguida tão logo o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo consiga fazer uma “vaquinha” entre os quase 700 ganhadores deste “Prêmio” que existe desde 79.

Em junho de 2013, Clarice Herzog fez o prefácio do livro lançado pela Câmara Municipal para dar a conhecer o “Relatório Final” da sua “ Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog” entre os meses de maio e dezembro de 2012.

Leia atentamente esse texto que também integra o ENVELOPE de hoje e descubra como diz o poeta Gereba:  “Tudo liga tudo, que liga todos que precisam se ligar”.
 
As pombas criadas por Zélio, Caulos, , Geandré, Chico Caruso, Redi, Ziraldo, Fortuna, Henfil, Ciça, Sizenando, Conceição Cahu e o próprio Laerte;  as poesias de D. Helder Câmara como legenda de cada uma dessas obras; a poesia do jornalista Ricardo Moraes - que ele escreveu dia 13 de dezembro de 75 ( aniversário do AI5 ) enquanto estava preso -  e a ilustração do Jaime Leão que a acompanha para reforçar a ideia de que a única alegria da vida  era o “Cordão Encarnado dos Amigos do Peito”, tudo isso nos permite avaliar hoje  o que era o espírito da época.

Os estudantes, professores e profissionais do Projeto Repórter do Futuro decidiram realizar este ATO / PIQUENIQUE / LANÇAMENTO para que as pessoas se encontrassem e reencontrassem e, assim, pudessem manifestar 4 propósitos:

- Lembrar o compromisso com a realização do painel “Em Nome da Verdade“ nesta Praça.

- Homenagear a coragem dos 1004 jornalistas que assinaram (e fizeram uma coleta para publicar como matéria paga no jornal “O Estado de São Paulo”) esse documento entregue à Justiça Militar no dia 6 de janeiro de 76.

- Comemorar mais um aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
- Protestar contra a violência sistemática da PM que, desde 10 de maio de 2013, já feriu 108 jornalistas com balas de borracha, estilhaços de bombas, cassetetes e outras formas de truculência enquanto cobriam profissionalmente manifestações de rua.

O folder editado pelo Centro de Memória da Câmara Municipal (faz parte do recheio desta publicação) significa um fato da maior importância : a partir desta semana, por ato da Mesa Diretora, Presidida por Antônio Donato (publicado dia 7 no Diário Oficial), esta nossa Praça da Liberdade passa a integrar o roteiro das visitas escolares.

Para completar, é preciso dizer que inaugura-se hoje , aqui, o recurso QR CODE que permitirá a todos que tenham celular acessar imediatamente os sites do Instituto Vladimir Herzog, do Prêmio Vladimir Herzog e do Elifas Andreato.

Acabamos de nos tornar uma SALA DE AULA sobre a História recente. Tudo a ver com o projeto “ Vlado Educação “que o Instituto vem desenvolvendo, há 3 anos, com a Secretaria Municipal da Educação.

Bem, os estudantes de hoje, espantados com tantos fatos preocupantes , curiosos para entender o que está por trás de tudo isso (e saber para onde as coisas podem nos levar) , movem-se e   não embarcarão em ideias  de jerico  (*) pois a onda será outra: insistir, persistir, não desistir.

São eles, somos nós que estamos nos dando lições sobre como se faz História nos dias que correm.

Abraços

Sergio Gomes

Em tempo:
1 -  “Ideia de girico” ou “ideia de jerico”? A segunda forma é a correta. Apesar de não se aproximar tanto da fala como “girico”, palavra inexistente na língua portuguesa, jerico significa asno, jumento. No entanto, na fala é usada principalmente com o sentido de tolo, imbecil, estúpido – e pode ser dito a pessoas e coisas. Exemplo: “Ele sempre tem ideias de jerico”.
 
2 - Esta edição especial do “ Envelope da Solidariedade IV“ é de apenas 30 exemplares: um para cada artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Cada “Envelope” será vendido a R$ 100,00 para começarmos a juntar os recursos necessários à confecção do PAINEL DOS 1004 .
 
3 – Esta jornada do Projeto Repórter do Futuro só foi possível graças à colaboração da FEPESP – Federação dos Professores do Estado de São Paulo / TV FEPESP, Hospital Premier / MAIS – Modelo de Atenção Integral á Saúde, ABRAJI – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, Escola do Parlamento da Câmara, Assessoria de Imprensa da Casa, Instituto Vladimir Herzog e OBORÉ Projetos Especiais.
 
 
 
 
   
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