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16/09/2014
Entre no labirinto do Minotauro. De 20 de setembro a 2 de novembro, ocorre no Itaú Cultural, em São Paulo, a Ocupação Laerte, uma retrospectiva que traz cerca de 2 mil trabalhos de um dos mais importantes nomes dos quadrinhos brasileiros. Com curadoria do também quadrinista Rafael Coutinho, filho da artista, e cenografia de Fred Teixeira, a mostra aborda os percursos afetivo, político e criativo de Laerte. A abertura acontece no dia 20, a partir das 12h.
A figura do Minotauro – o monstro da mitologia grega que guarda um labirinto inescapável – é recorrente na produção da homenageada e inspira a cenografia. O visitante percorre um espaço onde vários momentos da carreira se interligam: sua participação no movimento sindical e na luta pelas Diretas e pela anistia; a publicação de décadas nos maiores jornais do país; a parceria com Angeli, Glauco e Toninho Mendes na Circo Editorial, fundamental na história da HQ brasileira; a mudança de estilo a partir de 2004 e o ativismo nas questões de gênero.
“Hoje, o Laerte é o maior cartunista brasileiro”, reconheceu, “com raiva!”, Angeli, em entrevista ao site da Ocupação. Para André Dahmer, autor dos Malvados, “Laerte é tão importante quanto Robert Crumb e Millôr Fernandes”.
Mais de 40 anos de produção
Laerte trabalha profissionalmente com quadrinhos desde a década de 1970. Foi fundadora, com o artista visual Luiz Gê, da revista universitária Balão, que revelou uma série de talentos na área dos quadrinhos. Venceu o 1º Salão Internacional de Humor de Piracicaba, em 1974. Em 1978, fundou, com o jornalista Sérgio Gomes, a Oboré, agência especializada em material de comunicação para sindicatos e movimentos sociais. Na década de 1980, publicou na Circo, tanto nas revistas de outros desenhistas (como a Chiclete com Banana, de Angeli) quanto em sua própria, a Piratas do Tietê.
Publicou também, ao longo desse período, tiras e cartuns na Gazeta Mercantil, na Folha de S.Paulo e no Estado de S. Paulo, entre outros jornais. Criou nesses veículos dezenas de personagens – entre eles o Hugo (que se tornou Muriel), os Gatos, o Overman, o Fagundes, o Síndico. Na década de 2000, terminado um “ciclo”, como ela conta, abandonou os personagens e passou a explorar outros tipos de narrativa: não só o humor, mas também o absurdo, a metalinguagem e a autobiografia, além de outros estilos de traço e materiais pictóricos.
Permanecem durante os 40 anos de produção uma inventividade surpreendente, uma visão política humanista e um olhar crítico e atento ao cotidiano. Você pode conhecer as tirinhas de personagens e das revistas de banca no site da artista e a “segunda fase” no blog Manual do Minotauro.
Na rede e no papel
No dia da abertura, o site da Ocupação lança uma seção dedicada à artista. Além de centenas de HQs, estarão disponíveis entrevistas com Rafael Coutinho, com as irmãs de Laerte Marília e Helena Coutinho, com os quadrinistas Angeli, Zélio, Ciça, André Dahmer, o editor Toninho Mendes, o diretor teatral Naum Alves de Souza, o diretor da Oboré Sérgio Gomes e, é claro, Laerte – em um bate-papo com a psicóloga Maria Rita Kehl, a escritora Ivana Arruda Leite e o cartunista Eloar Guazzelli.
Ainda mais, no período da mostra será distribuída uma publicação sobre Laerte. Nela, a pesquisadora Maria Clara Carneiro e o jornalista André Conti analisam a obra, e a psicanalista Letícia Lanz fala sobre identidade, sexo e gênero. O material também estará publicado na nossa estante no Issuu.
Acesse o que foi produzido para os homenageados anteriores: o site da Ocupação tem entrevistas e parte do material das mostras sobre Angeli, Zé Celso, Mário de Andrade, Nelson Rodrigues, Paulo Leminski etc. Veja também publicações para Sergio Britto, Zuzu Angel e Jards Macalé, entre outras.
Ocupação Laerte
sábado 20 de setembro a domingo 2 de novembro
terça a sexta 9h às 20h [permanência até as 20h30]
sábado, domingo e feriado 11h às 20h
piso térreo
Coquetel de abertura
sábado 20 de setembro
às 12h |
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