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12/05/2014
Sete gerações de jornalistas, dos 18 aos 80 anos, participaram da oitava palestra/conferência de imprensa do 7º Curso Descobrir São Paulo - Descobrir-se Repórter, no sábado 10 de maio, com o professor Manuel Carlos Chaparro.
Em sua palestra, Chaparro abordou o tema Fundamentos e Técnicas da Grande Reportagem, em que discutiu desde a importância das fontes para o êxito do trabalho jornalístico como o compromisso da profissão com a sociedade e adiferença entre notícia e reportagem. "A notícia é a comunicação do fato. Já a reportagem vai além disso: seu papel é explicar a notícia, aprofundando a investigação dos conflitos que a notícia contém", explicou.
“Não existe jornalismo sem fonte. O papel do jornalista é apurar os diferentes interesses envolvidos em um fato, abordar o conflito que ele encerra – à luz do impacto que causará como notícia – e escrever seu relato da maneira mais atrativa que puder”, disse.
Chaparro defendeu que a criatividade e o compromisso ético são aspectos inseparáveis do bom jornalismo. “Sem técnica não se chega a bom resultado, assim como sem fundamentar o trabalho em valores não é possível cumprir o compromisso de servir ao interesse coletivo”, afirmou.
Método e Veracidade devem ser entendidos como fatores indissociáveis. “Os fatos são sagrados. Qualquer relato que não respeite esta lógica pode ser tudo menos jornalismo.”
Nesse sentido, o professor enumerou seis fundamentos para nortear o trabalho do jornalista:
• Planejar com criatividade.
• Apurar exaustivamente.
• Aferir com rigor.
• Valorar com escolhas éticas.
• Depurar com critérios de relevância.
• Relatar com independência e arte.
Chaparro enfatizou o papel transformador das novas tecnologias no jornalismo. “Na era do telégrafo, o logo tempo transcorrido entre o fato e a produção da notícia era o espaço de poder do jornalista. Com a televisão ao vivo e, depois, a internet, o fato e a notícia passaram a se confundir por causa da instantaneidade. Os atentados às Torres Gêmeas, em Nova York, em 2001, confirmaram o advento da nova era da informação. O choque do primeiro avião contra uma das torres pegou todos de surpresa. Nenhum jornalista viu. Mas o choque do segundo avião contra a outra torre, minutos depois, já encontrou toda a imprensa no local. Este segundo fato foi produzido intencionalmente para produzir um impacto maior que o primeiro. Foi mostrado ao vivo, como notícia, quando se produzia o fato. Essa estratégia evidenciou, para quem ainda tinha dúvidas, que as fontes organizadas não só têm seu próprio discurso estruturado como aprenderam a noticiar o que lhes interessa.”
Para acessar e baixar a apresentação completa com as dicas de Manuel Carlos Chaparro, clique neste link.
Professor livre-docente da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), Chaparro emigrou para o Brasil em 1961. Doutor em Ciências da Comunicação e professor de Jornalismo na ECA, é autor do blog O Xis da Questão – Mídia, Jornalismo e Atualidade.
Para acessar e baixar as Diretrizes Curriculares dos Cursos de Jornalismo do Ministério da Educação, clique neste link.
O jornalista Guilherme Zocchio, formado pela PUC/SP em 2013, ex-editor do jornal-laboratório Contraponto, que participou do 5º Curso Descobrir São Paulo - Descobrir-se Repórter, falou aos estudantes sobre sua monografia de conclusão da graduação, em que abordou a rede social Facebook como forma de controle social.
9º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo
Presente à palestra, a gerente executiva da Abraji - Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, Marina Atoji, convidou os estudantes a participar do 9º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, que acontece de 24 a 26 de julho em São Paulo, no campus Vila Olímpia da Universidade Anhembi Morumbi. “É uma oportunidade única para conhecer o trabalho de alguns dos principais jornalistas investigativos do mundo”, disse.
A cobertura do Congresso é um dos quatro módulos do Projeto Repórter do Futuro, como explicou João Paulo Brito, da OBORÉ, que participou das coberturas de 2012 e 2013. “Ela é realizada exclusivamente por um grupo de 25 estudantes selecionados, sob supervisão de coordenadores do Repórter do Futuro, e permite um aprendizado intensivo a partir da cobertura em tempo real. O estudante cobre um dos painéis do Congresso e em seguida escreve a notícia, enquanto outros repórteres cobrem os painéis seguintes. Esse sistema de rodízio agiliza a produção das notícias e a publicação em tempo real”, explicou.
Marina e João Paulo disseram que os estudantes selecionados participarão uma reunião de planejamento da cobertura no dia 12 de julho, na OBORÉ – duas semanas antes do Congresso.
Sobre o curso
O curso, de complementacão universitária em jornalismo e gratuito, é realizado em parceria pela Escola do Parlamento da Câmara Municipal de São Paulo, OBORÉ Projetos Especiais e Abraji – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Conta com o apoio do SINPRO/SP – Sindicato dos Professores de São Paulo, Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, Cátedra UNESCO de Comunicação, Hospital Premier/MAIS – Modelo de Atenção Integral à Saúde, NH Photos/Nivaldo Silva, IPFD – Instituto de Pesquisa, Formação e Difusão em Políticas Públicas e Sociais, e da coordenação dos principais cursos de Jornalismo de São Paulo, além das revistas Samuel, Brasil Atual, Caros Amigos, Fórum, Imprensa, Le Monde Diplomatique Brasil, Piauí e do blog O Xis da Questão – Mídia, Jornalismo e Atualidade, do Prof. Manuel Carlos Chaparro.
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