|
03/04/2014
O ex-diretor da Secretaria de Desenvolvimento Urbano de São Paulo Kazuo Nakano relacionou a ocupação irracional da cidade com os problemas históricos que a capital não conseguiu resolver, como o déficit habitacional e o crescimento caótico dos bairros – especialmente os periféricos. Em sua palestra/conferência de imprensa aos estudantes do 7º Curso Descobrir São Paulo – Descobrir-se Repórter, Nakano apresentou uma série de mapas com a evolução da moradia na metrópole a partir do final do século 18.
“São Paulo era uma cidade com menos de 50 mil habitantes. A industrialização acelerada e o incentivo à vida de migrantes de outras regiões do país e de imigrantes europeus e asiáticos transformou rapidamente a forma como a cidade crescia. Essa tendência se manteve durante praticamente todo o século 20. Em 100 anos, São Paulo multiplicou a população mais de 200 vezes e transformou problemas que poderiam ser pontuais em questões graves que desafiam os gestores públicos, profissionais de todas as áreas e a sociedade como um todo”, explicou.
Para visualizar e fazer o download dos mapas apresentados por Kazuo Nakano, clique neste link.
Arquiteto e urbanista em vias de concluir o doutorado em demografia pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Kazuo Nakano se especializou no estudo dos problemas que o crescimento mal planejado das cidades acarreta ao meio ambiente e à qualidade de vida da população. Ele é mestre em Estruturas Urbanas e Ambientais pela USP (Universidade de São Paulo) e pós-graduado em Gestão Urbana e Ambiental pelo Instituto for Housing and Urban Development (IHS), de Roterdã, Holanda.
“A ocupação de São Paulo sem levar em conta o desenvolvimento da infraestrutura dos bairros que se formaram a partir de pequenos adensamentos gerou a necessidade de deslocamentos para trabalhar, acessar serviços de saúde, estudar e ter acesso ao lazer. Com o passar dos anos, as margens da cidade foram empurradas para o limite do município e ocupadas ou por migrantes e imigrantes pobres ou pelos excluídos”, disse.
Segundo Nakano, só a zona leste paulistana produz um movimento diário de ida e volta de uma população equivalente a do Uruguai. “São mais de 2 milhões de pessoas que atravessam distâncias imensas para trabalhar e estudar e, depois, retornam a suas casas. Não existe sistema de transporte capaz de absorver tamanho deslocamento nem como não provocar a situação que vivemos: congestionamentos o dia todo e colapso do Metrô e linhas de ônibus.”
Sobre o curso
O curso, de complementacão universitária em jornalismo e gratuito, é realizado em parceria pela Escola do Parlamento da Câmara Municipal de São Paulo, OBORÉ Projetos Especiais e Abraji – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, e conta com o apoio das coordenações dos principais cursos de jornalismo da cidade de São Paulo. Conta com o apoio do SINPRO/SP – Sindicato dos Professores de São Paulo, Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, Cátedra UNESCO de Comunicação, Hospital Premier/MAIS – Modelo de Atenção Integral à Saúde, NH Photos/Nivaldo Silva, IPFD – Instituto de Pesquisa, Formação e Difusão em Políticas Públicas e Sociais, e da coordenação dos principais cursos de Jornalismo de São Paulo, além das revistas Samuel, Brasil Atual, Caros Amigos, Fórum, Imprensa, Le Monde Diplomatique Brasil, Piauí e do blog O Xis da Questão – Mídia, Jornalismo e Atualidade, do Prof. Manuel Carlos Chaparro.
|
|