Neli de Mello-Théry: “Brasil não sabe quem são os donos de suas terras” Texto: Lais Mendonça/ Fotos: Nivaldo Silva
20/05/2013
A ineficiência do Estado brasileiro para pensar em políticas e soluções para os conflitos territoriais, o novo Código Florestal e a ocupação na Amazônia foram temas do encontro entre a professora e geógrafa Neli de Mello-Théry com os 25 estudantes do 7º Curso Descobrir a Amazônia– Descobrir-se Repórter, do Projeto Repórter do Futuro, realizado no auditório do IEA/USP – Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, no sábado (18).
A pesquisadora no Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília e professora associada na EACH – Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP acredita que “o Brasil não tem posicionamento em relação à Amazônia”. A afirmação tem como base o sistema falho de registro de terras, a falta de planejamento a médio e longo prazos e a criação de “leis que nascem mortas”.
A geógrafa explica que o Brasil não tem registros de terras, não sabe quem são os donos, portanto, é impossível criminalizar.
O Código Florestal, aprovado em 2012, era uma oportunidade para a legalização de terras e também para propor soluções eficazes para as questões amazônicas, porém, para Neli, o documento não buscou soluções para os conflitos por territórios. Com ele, é perpetuado o contraditório modelo histórico de ocupação do solo amazônico, no qual o posicionamento do governo acaba provocando mais problemas ao invés de oferecer soluções.
Esse foi o mote de uma discussão sobre o futuro do País, caso os passos continuem a serem dados na direção atual. Em especial, devido a recente liberação para o plantio de cana na Amazônia: “O Brasil vai continuar a ser o celeiro do mundo?”, indagou Neli.
No encontro, composto por palestra, conferência e coletiva de imprensa, a geógrafa salientou que apenas a pressão da sociedade para que leis sejam feitas não por interesses pessoais ou de ocasião - ela cita o exemplo da aprovação do Código Florestal às vésperas da Rio+20 - podem modificar o cenário atual de políticas voltadas à Amazônia.
O 7º Curso Descobrir a Amazônia – Descobrir-se Repórter, módulo do Projeto Repórter do Futuro, é organizado pela OBORÉ Projetos Especiais em Comunicações e Artes, IEA/USP – Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo e ABRAJI – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo.
Conta com o apoio/patrocínio do CCOMSEx – Centro de Comunicação Social do Exército, Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, SINPRO/SP – Sindicato dos Professores de São Paulo, NH Photos/Nivaldo Silva, EBC/TV Brasil, Cátedra UNESCO de Comunicação, Hospital Premier/MAIS – Modelo de Atenção Integral à Saúde, INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, IPFD – Instituto de Pesquisa, Formação e Difusão em Políticas Públicas e Sociais, Casa da Cultura Digital, Matilha Cultural, KBR TEC Soluções Online e da Coordenação dos principais Cursos de Jornalismo de São Paulo: ECA/USP – Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing, Faculdade Cásper Líbero, PUCSP – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Universidade Metodista de São Paulo e Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Também emprestam seu prestígio a esta iniciativa: revistas Brasil Atual, Caros Amigos, Fórum, Imprensa, Le Monde Diplomatique Brasil, Piauí, Samuel e o blog “O Xis da Questão – Mídia, Jornalismo e Atualidade”, do Prof. Chaparro.
Equipe de Coordenação:
Ana Luisa Zaniboni Gomes, André Deak, Ausônia Donato, Cristina Cavalcanti, Germano Assad, Guilherme Alpendre, João Paulo Brito, João Paulo Charleaux, Manuel Carlos Chaparro, Milton Bellintani, Nivaldo Silva, Pedro Ortiz, Sergio Gomes