No Repórter do Futuro, Paulo Artaxo falou sobre o papel da Amazônia no controle do clima global Texto: João Paulo Brito/ Fotos: Nivaldo Silva
05/05/2013
“A Amazônia é que vai determinar pra onde vamos, no sentido de absorção de carbono. Por isso a importância e nossa obrigação em estudar isso”, afirmou o físico Paulo Artaxo, no primeiro encontro do 7º Curso Descobrir a Amazônia – Descobrir-se Repórter, do Projeto Repórter do Futuro, realizado neste sabádo (4), no auditório do IEA/USP – Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo.
O professor do Instituto de Física da USP (IF/USP) e representante da comunidade científica no CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente) explicou aos 25 estudantes, de 13 faculdades, que participam do módulo, que se a temperatura do planeta aumentar de 3 a 4 graus, como está previsto para o final do século, a humanidade terá graves problemas.
A esperança da comunidade científica que estuda o ecossistema da Amazônia, afirmou Artaxo, é que a floresta amazônica absorva mais carbono – gás CO², que eleva a temperatura global – e, com isso, aumente seu poder fotossintético, o que seria um benefício, a curto prazo, para todas as formas de vida do planeta. O físico alertou, porém, que a floresta não consegue ficar absorvendo indefinidamente. “Estas são as principais questões de medirmos o balanço de carbono na Amazônia. É o maior reservatório do planeta, absorvendo 0,4 a 1 Giga tonelada (Gt) de carbono por ano.”
Programa LBA
O LBA é uma iniciativa internacional de pesquisa liderada pelo Brasil, sob coordenação científica do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), que procura um entendimento sobre as dimensões do comportamento da Amazônia como um sistema ambiental integrado e a resposta dos seus vários ecossistemas à intervenção do homem.
Artaxo explicou que o programa, que já soma 156 projetos de pesquisa, mensura o fluxo de carbono em diversas regiões amazônicas através de satélites, experimentos em avião e até com torres. Hoje, o LBA possui 12 torres, em geral com 75 e 85 metros de altura, acima da copa das arvores, para medir o quanto de carbono a floresta está absorvendo.
“O LBA ainda está construindo uma nova torre que possuirá 320 metros [de altura] e que ficará ao norte de Manaus, para ter uma visão ainda mais do alto”, disse o físico, ressaltando que qualquer alteração que ocasione a perda de carbono na vegetação amazônica pode ter uma influência absolutamente dramática nas questões das mudanças climáticas globais.
Durante sua palestra e conferência de imprensa, Artaxo ainda falou sobre a necessidade da comunidade científica compreender como os micro-organismos processam a água na Amazônia, por onde circula um quinto de toda a água doce do planeta, para mensurar o quanto o ciclo bilógico está sendo modificado.
Além disso, o físico explicou que é preciso definir diversas e diferentes estratégias para lidar com o ecossistema amazônico. Isto porque a região, ao contrário do que pensa a crença popular, não é homogênea.
“Quando falamos da Amazônia todos imaginam 4mil km de lese a oeste e 2 mil de norte a sul de uma enorme floresta branca e homogênea. Esta visão é completamente falsa. Existem vários indicadores que comprovam. A biodiversidade é maior em certas regiões e menor em outras, depende de fatores climáticos. O que funciona no Pará pode não funcionar no Acre ou em Rondônia”, exemplificou.
Paulo Artaxo concluiu descrevendo o que seria o “grande desafio” da comunidade científica: compreender como as atividades antropogênicas estão modificando cada um destes processos biológicos na Amazônia.
O encontrou do módulo coordenado pelo jornalista, professor e diretor da TV USP e do Canal Universitário, Pedro Ortiz, contou com a presença de Florestan Fernandes Jr., gerente de jornalismo da TV Brasil, Sergio Gomes, diretor da OBORÉ, Ana Paula Freire Artaxo Netto, jornalista ambiental e pesquisadora do INPA, Cristina Cavalcanti, da Secretaria Executiva do Projeto Repórter do Futuro e de Luana Copini e Danillo Oliveira, da Equipe de Assistência à Coordenação.
O 7º Curso Descobrir a Amazônia – Descobrir-se Repórter, módulo do Projeto Repórter do Futuro, é organizado pela OBORÉ Projetos Especiais em Comunicações e Artes, IEA/USP – Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo e ABRAJI – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo.
Conta com o apoio/patrocínio do CCOMSEx – Centro de Comunicação Social do Exército, Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, SINPRO/SP – Sindicato dos Professores de São Paulo, NH Photos/Nivaldo Silva, EBC/TV Brasil, Cátedra UNESCO de Comunicação, Hospital Premier/MAIS – Modelo de Atenção Integral à Saúde, INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, IPFD – Instituto de Pesquisa, Formação e Difusão em Políticas Públicas e Sociais, Casa da Cultura Digital, Matilha Cultural, KBR TEC Soluções Online e da Coordenação dos principais Cursos de Jornalismo de São Paulo: ECA/USP – Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing, Faculdade Cásper Líbero, PUCSP – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Universidade Metodista de São Paulo e Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Também emprestam seu prestígio a esta iniciativa: revistas Brasil Atual, Caros Amigos, Fórum, Imprensa, Le Monde Diplomatique Brasil, Piauí, Samuel e o blog “O Xis da Questão – Mídia, Jornalismo e Atualidade”, do Prof. Chaparro.
Equipe de Coordenação:
Ana Luisa Zaniboni Gomes, André Deak, Ausônia Donato, Cristina Cavalcanti, Germano Assad, Guilherme Alpendre, João Paulo Brito, João Paulo Charleaux, Manuel Carlos Chaparro, Milton Bellintani, Nivaldo Silva, Pedro Ortiz, Sergio Gomes