08/04/2013
José Roberto Torero, Jaime Prades, Milton Bellintani, Emerson Pinzindin e André Deak.
Neste sábado (6), o tema da conferência de imprensa do 6º curso Descobrir São Paulo – Descobrir-se Repórter, realizado na Câmara Municipal, foi “Os novos cronistas da cidade”.
A aula, transmitida online no site da Câmara, contou com a presença do jornalista André Deak, do cineasta, roteirista e escritor José Roberto Torero, do artista plástico Jaime Prades e do músico de rua Emerson Pinzindin.
Conforme ressaltaram os conferencistas, os cronistas se valem da observação de fragmentos de uma realidade para contarem uma história seja através do grafite, do cinema, das artes plásticas, da crônica ou qualquer outra manifestação artística.
“Tudo vale a pena ser contado. Não existe história ruim, mas história mal contada”, afirmou Torero, reconhecido cronista que já passou pela Rede Globo, Jornal da Tarde – onde iniciou sua carreira como cronista – e Folha de S. Paulo.
Ao ler sua crônica O sorveteiro da terceira, publicada na Folha, em março de 2008, Torero ilustrou sua convicção de sempre ater-se às “coisas pequenas da cidade”, conceito que desenvolveu com maior notoriedade fazendo crônicas de esportes, a revista Placar.
Já Jaime Prades vê a cidade como “uma escultura viva, um corpo onde toda a dramaturgia do real se exerce”. O artista plástico começou a fazer grafite na época em que esta arte começava a se manifestar em São Paulo e participou de um dos primeiros coletivos de arte urbana – o Tupinãodá –, responsável por impactantes intervenções urbanas numa São Paulo dos anos 70 ainda virgem de experiências do gênero.
“Fomos para a cidade de uma forma muito selvagem. Tínhamos em mente conquistar o espaço público como uma forma de exercer a cidadania na rua”, conta Jaime ao contextualizar o momento histórico em que viviam: o regime militar. Fazia-se necessária a conquista da rua para manifestação cultural, política e artística.
Mas este palco urbano onde se desenrolam as tramas cotidianas não é o mesmo para cada personagem da vida real, acredita André Deak. O pós-jornalista (como se autodenomina) se aproxima do arquiteto Jorge Wilheim quando aponta que a percepção de cidade de cada indivíduo depende dos ambientes sociais que este frequenta e dos círculos em que convive.
Participando da elaboração de projetos em que as mais diversas realidades são mapeadas - como os sites de cunho artístico Arte Fora do Museu e Mapa da Cultura de Fortaleza, e os de denúncias de exploração trabalhista Moendo Gente e Meia Infância -, Deak possibilita que a concepção de “cidade” e de “vida” de qualquer pessoa transforme e seja transformada.
Como exemplo, vale a história de Emerson Pinzindin. Depois de sair cedo de casa, já a procura de seguir na carreira de músico, o artista passou por todo o tipo de experiências até chegar às ruas de São Paulo.
Serviu ao Exército, aonde chegou a ser soldado do Batalhão de Selva e a tocar na banda militar. Expulso, “por pensar diferente”, trabalhou em empresas de segurança até surgir a oportunidade de trabalhar em escolas particulares como professor de música, lecionando para crianças. Passados os anos, a insatisfação com a rotina e com o tipo de vida que levava o fez a se aventurar pelas nas ruas da cidade, soprando seu saxofone no vão livre do MASP, na passagem subterrânea da Consolação, em frente de Shoppings e na Avenida Paulista, onde mais se tornou conhecido. “Quando você ocupa o espaço com arte, você desenvolve aquele espaço”, afirma Pinzindin, com tom de experiência.
Livro mostrará o curso por dentro
O curso, de complementação universitária em jornalismo, teve início em 23 de fevereiro e prossegue até 27 de abril – sempre aos sábados, para não coincidir com as atividades dos estudantes em suas faculdades. A Escola do Parlamento da Câmara Municipal de São Paulo produzirá um livro contendo a íntegra das palestras e sínteses das entrevistas realizadas pelos estudantes, com lançamento previsto para 25 de janeiro de 2014 – no 460º aniversário da cidade de São Paulo.
Sobre o curso
O 6º Curso Descobrir São Paulo – Descobrir-se Repórter, que integra o Projeto Repórter do Futuro, é organizado pela OBORÉ Projetos Especiais em Comunicações e Artes em parceria com a Escola do Parlamento da Câmara Municipal de São Paulo e ABRAJI – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, e conta com o apoio do SINPRO/SP – Sindicato dos Professores de São Paulo, Cátedra UNESCO de Comunicação, Hospital Premier/MAIS – Modelo de Atenção Integral à Saúde, Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, IPFD – Instituto de Pesquisa, Formação e Difusão em Políticas Públicas e Sociais, Matilha Cultural, NH Photos – Nivaldo Silva, KBR TEC Soluções Online e da Coordenação dos principais Cursos de Jornalismo de São Paulo: ECA/USP – Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing, Faculdade Cásper Líbero, PUCSP – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Universidade Metodista de São Paulo e Universidade Presbiteriana Mackenzie. As revistas Brasil Atual, Caros Amigos, Fórum, Imprensa, Le Monde Diplomatique Brasil, Piauí, Samuel e o blog “O Xis da Questão – Mídia, Jornalismo e Atualidade” do Professor Chaparro também emprestam seu prestígio a esta iniciativa e colaboram de diversas formas para seu êxito.
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