26/02/2013
Inspirada pelo filme Hanami – Cerejeiras em Flor, a Mesa de Reflexão da primeira SESSÃO AVERROES de 2013, realizada na Cinemateca Brasileira, nesta segunda-feira (25), dialogou com o público sobre a efemeridade da vida.
Participaram da mesa o psiquiatra e psicanalista Isaac Levensteinas, professor de psicologia médica da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Dalva Matsumoto, médica oncologista e paliativista, coordenadora da Assistência Domiciliária e da Hospedaria de Cuidados Paliativos do Hospital do Servidor Público e diretora clínica do Hospital Premier, e, como mediador, Henrique Parsons, médico clínico, sanitarista e coordenador do Centro de Educação e Pesquisa do Saber MAIS.
Após o filme, foi exibido um vídeo produzido em homenagem ao prof. Marco Tullio Assis Figueiredo, pioneiro dos Cuidados Paliativos no Brasil, que faleceu no último dia 20, aos 87 anos. (Assista ao vídeo)
“Ele [Marco Tullio] foi fundador da Associação Internacional de Cuidados Paliativos, da Academia Nacional de Cuidados Paliativos e fez parte de todos os grandes e pequenos grupos que pensaram os cuidados paliativos no Brasil. É uma grande perda, mas certamente cada um de nós que já trabalhou com cuidados paliativos leu sobre ele e usa aquilo que ele sempre nos ensinou sobre como cuidar das pessoas”, disse Henrique Parsons.
“Fazendo cuidados paliativos nós aprendemos que a vida é finita. Mas é difícil perder quem se ama”, disse Dalva Matsumoto, amiga de Marco Tullio.
Sobre o filme
No longa franco-alemão, dirigido por Doris Dörrie, um casal de idosos tem sua pacata rotina modificada quando Trudi (Hannelore Elsner) é informada que seu marido Rudi (Elmar Wepper) está com uma doença terminal. A invés de contar ao companheiro sobre sua enfermidade, a dedicada esposa resolve realizar antigos sonhos e desejos do casal.
Porém, em uma viagem a Berlim, em visita aos filhos, a vida se mostra ser mais efêmera do que se espera, e, ao acordar, Rudi, o doente terminal desavisado, se depara com sua esposa perecida na cama. O velho resolve, então, se despir de seus preconceitos e se compromete a realizar as vontades contidas de sua falecida mulher, sendo a maior delas, visitar o Monte Fuji, no Japão, e dançar butô – tipo de balê surrealista criado pelos japoneses no pós-guerra.
“O filme é uma grande metáfora e o tempo todo fala da efemeridade, como as moscas, as cerejeiras, a vida que acaba repentinamente”, analisou o psicanalista Isaac Levensteinas.
Concordando com o psiquiatra, o médico clínico Henrique Parsans afirmou que talvez a dança oriental tenha sido a grande metáfora do filme. “No butô, não há regras, não tem jeito certo ou errado. Ele representa a ideia de que só temos uma chance na vida e que aquela nossa coreografia nunca vai ser repetida.”
A oncologista Dalva Matusomoto, por fim, trouxe uma importante questão ao público: “Será mesmo que é preciso perder alguém para revermos nossa vida e nossas prioridades?”
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