21/12/2012
Um grupo de entidades de Jornalismo se uniu para reivindicar a aprovação da Proposta de Diretrizes Curriculares para Cursos de Graduação em Jornalismo, que define as mudanças educacionais necessárias para que as faculdades formem profissionais mais adaptados à realidade do Jornalismo no século XXI. Elaborado a pedido do MEC, o documento aguarda aprovação do Conselho Nacional de Educação (CNE) desde 2009.
Em carta datada de 26 de outubro, o Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ), a Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), a Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e seus 31 Sindicatos de Jornalistas filiados em todo país, defendem que as mudanças curriculares “representarão a tão reivindicada e necessária melhora de qualidade na formação dos jornalistas profissionais”.
“A demora em estabelecer as novas diretrizes curriculares vem prejudicando por demais estas centenas de cursos, todos em fase de revisão de suas matrizes ou necessitando realizá-la. Isto porque seus currículos encontram-se ainda submetidos às últimas diretrizes, as quais, por já contarem com mais de dez anos de existência - são de 2001-, estão totalmente defasadas”, diz a Carta Aberta ao Ministério da Educação e Conselho Nacional de Educação.
Para o livre-docente pela USP Manuel Carlos Chaparro, integrante da Comissão de Especialistas que elaborou o documento, os cursos de Jornalismo precisam mudar, pois estão atrasados. “Existe um descompasso entre o Jornalismo e a evolução do mundo. Nós precisamos acabar com a arrogância de pensar que a sociedade, a política, se adéquam ao Jornalismo. As mudanças no mundo são motivadas por Revoluções Tecnológicas, e o Jornalismo precisa se adequar a elas”, recomendou.
Reunião da Comissão do Projeto das Diretrizes Curriculares para o Curso de Jornalismo. (Globo.com)
O que são as diretrizes curriculares
A pedido do MEC, uma Comissão de Especialistas foi reunida em 2009 para elaborar a proposta de reformulação dos cursos de Jornalismo. O grupo foi presidido pelo professor Dr. José Marques de Melo, ex-presidente da INTERCOM, e integrado por Alfredo Vizeu, Manuel Carlos Chaparro, Eduardo Meditsch, Luiz Gonzaga Motta, Lucia Araújo, Sergio Mattos e Sonia Virginia Moreira. Entregue oficialmente ao Ministério da Educação em 18 de setembro de 2009, o projeto aguarda a aprovação do Conselho Nacional de Educação desde então.
Chaparro ressaltou a importância do perfil do profissional que se forma, citando um trecho do documento. “O egresso do Curso de Jornalismo é o jornalista profissional diplomado, com formação universitária ao mesmo tempo generalista, humanista, crítica e reflexiva. Esta formação o capacita a atuar como produtor intelectual e agente da cidadania dando conta, por um lado, da complexidade e do pluralismo característicos da sociedade e da cultura contemporâneas e, por outro, dos 17 fundamentos teóricos e técnicos especializados. Dessa forma terá clareza e segurança para o exercício de sua função social específica no contexto de sua identidade profissional singular e diferenciada dentro do campo maior da Comunicação.”
O texto propõe que os cursos estimulem o futuro profissional para ser um empreendedor e criar projeto inovadores capazes de dar conta das exigências contemporâneas em um contexto de mutação tecnológica constante. “Além de dominar técnicas e as ferramentas contemporâneas, é preciso conhecer os seus princípios para transformá-las na medida das exigências do presente”, diz o documento.
As Diretrizes Curriculares também ressaltam a importância da integração entre teoria e prática. Segundo elas, os estudantes devem, desde cedo, estabelecer contato com fontes, profissionais e com o público, dessa forma aprendendo “a lidar com problemas reais e assumindo responsabilidades crescentes, compatíveis com seu grau de autonomia”.
De acordo com a Comissão de Especialistas, os cursos de Jornalismo devem ter como base a interdisciplinaridade. Os profissionais devem conhecer sobre a história, a cultura e a realidade social, econômica e política brasileira, tornando-se intelectuais e produtores de conhecimento.
Em relação à ética profissional, o documento reforça que a prática jornalística deve sempre estar voltada ao interesse público e à defesa dos direitos humanos. Além disso, ele reafirma o compromisso do Jornalismo com a liberdade de expressão, o pluralismo de ideias e opiniões, o direito à informação e a dignidade do exercício da profissão.
Conheça o texto completo das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Jornalismo |