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26/10/2012
Na noite da terça-feira, 23 de outubro, o Teatro da Universidade Católica foi palco da premiação do 34° Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. A cerimônia foi conduzida pelos jornalistas Juca Kfouri, colunista da Folha de S. Paulo, CBN e ESPN Brasil, e Mônica Teixeira, âncora da TV Cultura e coordenadora geral da Univesp TV.
Ao todo, foram 17 trabalhos jornalísticos premiados em nove categorias: Artes, Fotografia, Jornal, Revista, Rádio, Internet, Reportagem de TV, Documentário de TV e uma categoria especial, envolvendo todas as mídias e que neste ano teve como tema "Criança em Situação de Rua".
O Prêmio Vladimir Herzog foi instituído em 1978 em memória do jornalista Vladimir Herzog, preso pela ditadura militar, torturado e morto dentro do DOICodi, em São Paulo, em outubro de 1975. Seu objetivo é reconhecer o trabalho de jornalistas que colaboram na defesa e promoção da Democracia, da Cidadania e dos Direitos Humanos e Sociais.
Diante de uma plateia lotada, formada por estudantes e jornalistas de vários lugares do Brasil, a palavra de abertura foi de José Roberto de Toledo, colunista do jornal O Estado de S.Paulo, comentarista da RedeTV! e vice-presidente da ABRAJI – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, representando a comissão organizadora do evento. No discurso, Toledo ressaltou não só o recorde de trabalhos inscritos no prêmio, mas “as muitas violações de direitos humanos que nos compelem a gritar”, referindo-se às ameaças pelas quais vem passando André Caramante, repórter da Folha de S.Paulo, que precisou sair do país com sua família.
“Infelizmente, há muitas violações de direitos humanos que nos compelem a gritar” disse José Roberto de Toledo referindo-se a casos de jornalistas ameaçados. (Foto: João Paulo Brito)
Maria do Rosário Nunes, ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Mário Sérgio de Moraes, pesquisador do grupo Laboratório de Estudos sobre a Intolerância da Universidade de São Paulo (USP) e autor do livro "O ocaso da ditadura: Caso Herzog" e Rosa Cardoso, advogada integrante da Comissão Nacional da Verdade também discursaram e evidenciaram a lembrança do assassinato de Vladimir Herzog como símbolo da busca dos direitos humanos e da verdade histórica do país.
Prêmio Especial Vladimir Herzog 2012
Também foram homenageados dois grandes nomes da imprensa brasileira: Alberto Dines e Lúcio Flavio Pinto, exaustivamente aplaudidos pelo público presente no TUCA. Os repórteres foram apresentados por Audálio Dantas, outro ícone do jornalismo e que foi ovacionado pelos presentes.
Professor e escritor, o nome de Alberto Dines é um ícone da profissão por conta de sua integridade e compromisso com a verdade. Com atividade contínua ao longo de 60 anos nos principais jornais do país, criou, em 1996, o site Observatório da Imprensa - primeiro noticiário de análise e crítica da mídia no Brasil, com espaço aberto a discussões com jornalistas e universitários. É conhecido como o inventor da reunião de pauta nas redações. “Querem nos desativar, e esse reconhecimento é a nossa chance de avisar que estamos vivos”, disse em seu discurso de agradecimento.
Lúcio Flávio Pinto é hoje um dos jornalistas mais perseguidos por conta de sua trajetória corajosa e das denúncias que faz à frente do seu Jornal Pessoal (PA). Respondendo a inúmeros processos judiciais diante da censura que lhe é imposta pela justiça do Pará, segue lutando, de forma exemplar, para manter uma publicação independente que contraria interesses hegemônicos. . “A verdade se tornou pecaminosa. O que fazer quando a própria justiça é o instrumento de repressão? Essa justiça não tem identidade nenhuma com a nação. E o jornalismo merece viver. Nós merecemos viver”, concluiu em seu agradecimento público.
O Prêmio Especial Vladimir Herzog, concedido anualmente a jornalistas que prestaram relevantes serviços à causa da Democracia, da Paz, da Justiça e contra a Guerra, premiou neste ano dois grandes nomes da imprensa brasileira: Alberto Dines e Lúcio Flávio Pinto. Ambos receberam os trofeus das mãos de Maria do Rosário, ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos. (Foto: Bruno Mooca)
Os premiados do ano
O 34º Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos contemplou reportagens de todo o país em nove categorias. As matérias foram produzidas por veículos impressos, rádio, televisão e internet.
A vencedora da categoria Especial “Criança em Situação de Rua”, Letícia Duarte, afirmou que a sua matéria “Filho da Rua”, produzida para o jornal Zero Hora (RS), tem o papel de lembrar que violações aos direitos humanos não devem ser consideradas algo corriqueiro em nossa sociedade. “Não é normal existirem crianças na rua e que são confundidas com sacos de lixo”, disse.
Na categoria Revista, a equipe de jornalistas da revista Caros Amigos ganhou o prêmio com o especial “Comissão da Verdade”, que levantou questões históricas como crimes cometidos por militares na ditadura e a colaboração internacional na operação Condor. “Esse prêmio comprova que há espaço para um jornalismo de fôlego”, afirmou a editora de especiais da revista, Debora Prado.
Jornalistas que discorreram sobre temas referentes à Amazônia também foram ganhadores do 34º Prêmio. Maíra Heinen venceu a categoria Rádio com a matéria “Crimes contra indígenas na ditadura”, produzida para a Rádio Nacional da Amazônia. Para ela, é imprescindível que os jornalistas abordem a questão indígena, pouco falada na grande mídia, pois muitos índios estão morrendo, mesmo sem ditadura. Maíra também foi sorteada entre todos os vencedores do Prêmio e ganhou uma viagem para o Chile para conhecer o Museu da Memória e da Verdade.
Histórias de personagens do futebol brasileiro, como Sócrates, foram contadas em “Quando a ditadura entrou em campo”, do jornal mineiro O Tempo, escrita por Murilo Rocha, Larissa Arantes e Thiago Nogueira. Já na categoria Fotografia, Francisco França, do Jornal da Paraíba, optou, com êxito, pelo tema amor. “Amor não é violência, amor não é morte, amor é vida”, disse o fotógrafo de “O amor é o dom maior! Ame”.
O fim da premiação destinou-se à categoria Reportagem de TV. A jornalista da Globo News, Miriam Leitão, emocionou-se ao falar sobre a reportagem “O caso Rubens Paiva: uma história inacabada”. “A memória da gente não descansa até saber tudo o que precisa ser dito”, disse ela, ao lado de Marcelo Rubens Paiva, Eliana e Vera, filhos do político brasileiro desaparecido durante o regime militar.
Também foram premiadas as matérias “Crimes da Ditadura” (TV Brasil/EBC), na categoria Documentário de TV; “Depois que comecei a estudar, não vejo mais grades” (Camila Rodrigues e Fernando Donasci, UOL), na categoria Internet; “Defesa falha com as vítimas” (Fernando de Castro Lopes, Jornal O Correio Braziliense), na categoria Artes.
Menções Honrosas
Na categoria especial Criança em situação de rua, a matéria "Direito à infância: crianças abandonadas à própria sorte", de Cleomar Almeida e publicada em A Redação, de Goiânia, recebeu a Menção Honrosa.
A Menção Honrosa da categoria Revista foi para "Guarani-Kaiwá: o suicídio silencioso de um povo", produzida por Sandra Alves para a revista O Mensageiro de Santo Antônio, de Santo André (SP).
"À espera de um lar: a história de futuros pais", de Renata Colombo, que foi ao ar na Rádio Gaúcha, de Porto Alegre, ganhou a Menção Honrosa na categoria Rádio.
Já em Jornal, Ismael Machado recebeu a Menção Honrosa com a reportagem "Dossiê Curió", publicada no Diário do Pará.
A fotografia "Mutilado na Guerra do Crack", de Severino Silva, publicada no jornal O Dia, do Rio de Janeiro, recebeu Menção Honrosa na edição deste ano.
"Um Navio estacionado na porta de casa" recebeu Menção Honrosa na categoria internet. A matéria foi produzida por Yan Boechat para o Portal IG.
A Reportagem de TV que recebeu a Menção Honrosa foi "Liberdade Aprisionada", veiculada pela TV Tribuna/Rede Bandeirantes - PE, produzida por Eliana Victório.
Bianca Vasconcellos, recebeu a Menção Honrosa com a obra "A mão de obra escrava urbana", também veiculada pela TV BRASIL/EBC, dentro da categoria Documentário de TV.
A categoria Artes não teve Menção Honrosa.
Prêmio Jovem Jornalista
A cerimônia no TUCA também premiou as três equipes de estudantes vencedoras do 4º Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, que recebeu 148 propostas de pauta oriundas de 76 instituições de ensino, de 17 estados do Brasil mais Distrito Federal. Foi um aumento de 270% no número de inscrições - quase o triplo em relação ao ano passado.
A Comissão Julgadora atuou em duas etapas, selecionando dez finalistas e indicando as propostas vencedoras a partir dos critérios dispostos no Regulamento da sua edição 2012, a saber: I. relevância da proposta no contexto do tema “As Comissões da Verdade no Brasil”; II. criatividade na apresentação e desenvolvimento da proposta de pauta; III. exequibilidade do projeto.
Estudantes e professores premiados recebem seus certificados das mãos de Nemércio Nogueira, do Instituto Vladimir Herzog, entidade organizadora do Prêmio, Elissa Fichtler, da Fundação Arymax (patrocinadora) e Viridiana Bertolini, da Rede Globo, apoiadora.
Criado em 2009, o Prêmio Jovem Jornalista tem o objetivo de oferecer aos estudantes de jornalismo a oportunidade de desenvolver um trabalho jornalístico prático e reflexivo desde o projeto até a realização final de uma reportagem. Tanto o processo quanto o produto são orientados por um professor da instituição de ensino do estudante e por um jornalista mentor designado pelo Instituto Vladimir Herzog, criador e organizador do Prêmio. Trata-se de uma homenagem ao jornalista Fernando Pacheco Jordão, que sempre se preocupou com o desenvolvimento dos jovens profissionais de imprensa, e a Vladimir Herzog, cuja vida foi dedicada a promover um jornalismo de qualidade, verdadeiro e, acima de tudo, responsável.
As propostas de pautas vencedoras
Pauta: O assassinato do Padre Henrique: quatro décadas de impunidade e a retomada das investigações pela Comissão da Memória e Verdade de Pernambuco.
Grupo: Debora Britto e Camila Figueiredo
Professora Orientadora: Adriana Maria Santana
Faculdade: Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
Mentor: Ricardo Carvalho
Pauta: O massacre da tribo gavião Parkatêjê durante a ditadura militar
Grupo: Laís Cerqueira Souza e Joana Guimarães
Professor Orientador: Mauro Cesar Silveira
Faculdade: Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
Mentor: Paulo Markun
Pauta: Olhar indigesto: memórias da filha de um agente da repressão
Grupo: Gabriel Monteiro, Jessica Mota e Daniele Catarine de Ramos
Professora Orientadora: Denise Paiero
Faculdade: Universidade Presbiteriana Mackenzie
Mentor: Audálio Dantas
Cobertura do 34o Prêmio Vladimir Herzog
Confira o material jornalístico produzido sobre a premiação
Júri de Premiação
Ganhadores do Prêmio Vladimir Herzog são definidos em Sessão Pública na Câmara Municipal - OBORÉ, 10/10/2012
Roda de conversa com os ganhadores
Roda de conversa com jornalistas ganhadores de prêmio de imprensa é realizada pela primeira vez no Brasil - Cobertura colaborativa para o site-laboratório do Projeto Repórter do Futuro* - 24/10/201
Íntegra da Roda de Conversa, Rede PUC, 27/10/2012
Projeto 1000 em 1
Lançamento oficial do Projeto 1000 em 1 aconteceu no 34o Prêmio Vladimir Herzog - Cobertura colaborativa para o site-laboratório do Projeto Repórter do Futuro* - 29/10/2012
Cerimônia de entrega do Prêmio
Ditadura militar ganha destaque nas reportagens do premio vladimir herzog deste ano - Rede Brasil Atual, 23/10/2012
EBC ganha Prêmio Vladimir Herzog - Repórter Brasil, TV Brasil, EBC, 23/10/2012
EBC ganha em 3 categorias do Prêmio Vladimir Herzog - Repórter Brasil, TV Brasil, EBC, 23/10/2012
Conheça a história do Vlado- Repórter Brasil, TV Brasil, EBC, 23/10/2012
Prêmio Vladimir Herzog ocorre na PUC-SP - Repórter Brasil, TV Brasil, EBC, 23/10/2012
Prêmio Vladimir Herzog - Jornal da Gazeta, TV Gazeta (SP), 23/10/2012
Prêmio Vladimir Herzog - Jornal da Cultura, TV Cultura (SP), 23/10/2012(segunda matéria)
Prêmio Vladimir Herzog - Alessandra Alves (estudante da ECA-USP e participante do projeto repórter do Futuro), Rádio USP, 25/10/2012 (início aos 27min40s)
Mensagem de Guilherme Alpendre, Diretor Executivo da Abraji, para a lista de e-mails da Associação
Matéria de Capa - Vladimir Herzog, TV Cultura
Discursos
José Roberto Toledo, vice-presidente da Abraji
Alberto Dines, vencedor do Prêmio Especial Vladimir Herzog 2012
Lúcio Flávio Pinto, vencedor do Prêmio Especial Vladimir Herzog 2012
Mário Sérgio de Moraes, doutor em História Social pela USP e autor de "O ocaso da ditadura - Caso herzog"
Coluna de Miriam Leitão, vencedora na categoria Reportagem de TV, em O Globo, 25/10/2012
4o Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão
Trabalhos vencedores do 4o Prêmio Jovem Jornalista investigarão casos de violência durante a repressão - Cobertura colaborativa para o site-laboratório do Projeto Repórter do Futuro* - 25/10/2012
Praça Vladimir Herzog
Praça se prepara para receber esculturas de Vladimir Herzog - Portal da Câmara Municpal, 23/10/202
Câmara dá primeiro passo para criação do Memorial Vladimir Herzog - OBORÉ, 18/09/2012
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* Vinte e um estudantes integraram o coletivo do Projeto Repórter do Futuro para a cobertura do 34° Prêmio Vladimir Herzog: Giulia Afiune, Melina Sternberg, Victor Bonini, Cristiane Paião, Carlos Aros, Deborah Rezaghi, Ricardo Rosseto, Paola Perroti, Priscila Kesselring, Leandro Saioneti, Danillo Oliveira e Marcella Lourenzetto (Faculdade Cásper Líbero); Caio Colagrande, Paula Marolo, André Palma e Rodrigo de Brum (Faculdades Integradas Rio Branco); Raquel Brandão (Universidade São Judas Tadeu); Camila Moura (FIAM-FAAM); Tamiris Gomes (Universidade Cruzeiro do Sul) e Thales Willian (Universidade Braz Cubas), além de João Paulo Brito, jornalista da OBORÉ .
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