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12/08/2002
Com o objetivo de discutir a importância do profissional do rádio na tarefa de informar e esclarecer a população sobre as doenças sexualmente transmissíveis(DST) e aids, foi realizado o encontro DST/AIDS No Ar - Saúde Nas Ondas do Rádio reunindo 96 pessoas no Auditório Vladimir Herzog do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, no último dia 10 de agosto.
De cada cinco casos de aids no país,um é da cidade de São Paulo, onde a doença mata anualmente cerca de 1400 pessoas. De acordo com o Boletim Epidemiológico de AIDS do Município de São Paulo, divulgado em maio último, de forma geral, as pessoas infectadas pelo HIV são pobres e com baixo nível de instrução. As mulheres continuam em posição mais vulnerável que os homens. São menos instruídas e se protegem menos.
Segundo a coordenação do Programa DST/AIDS Cidade de São Paulo, realizadora do evento, o papel inquestionável do rádio junto a essa população faz do veículo um instrumento fundamental na luta contra as DST e aids. “A epidemia caminha para a periferia da cidade, para a população mais empobrecida, que precisa de acesso a informação e pode conseguir através do rádio”, afirma Fábio Mesquita, coordenador do Programa.
Para falar sobre o tema foram convidados, Paulo Bonfá (Rádio Transamérica), Izilda Alves (Rádio Jovem Pan), Geraldo Nunes (Rádio Eldorado) e Isis Lima Soares que atua no projeto de radioeducação “Cala-Boca Já Morreu” na rádio comunitária Guadalupe, em Osasco.
Para Paulo Bonfá, além da preocupação em transmitir a informação correta, é preciso pensar também na forma como essa informação chega ao público. “Muitas vezes, o público que você quer atingir é diferente do jeito que você fala com ele, ou seja, sua mensagem se perde no meio do caminho ou então é rejeitada”.
Bonfá, que costuma tratar de assuntos mais sérios no programa Teen Teen por Teen Teen, se considera um “solitário” no universo das FM que não abrem a programação para discutir questões mais sérias como as dst/aids. “Eu conquistei esse espaço na Transamérica, que é uma emissora que me apóia, mas mais pessoas precisam lutar por esse espaço, assim como mais veículos precisam abrir esse espaço.”
Fiori Giglioti, que trabalha há 50 anos no rádio, e foi uma das pessoas mais festejadas no encontro, também critica o distanciamento do rádio quando o assunto é dst e aids. “Eu gostaria que o rádio fizesse um trabalho mais abrangente, acho que nem todas as rádios tratam do assunto com a mesma intensidade e constância”.
O repórter Geraldo Nunes que cobre de helicóptero, o trânsito na cidade, destaca que o encontro mostrou que o tema “prevenção” deve fazer parte do dia-a-dia dos profissionais da comunicação. “Esse é um tema que precisa ser abordado continuamente, porque a informação sempre vai ficando mais completa e atualizada”.
Chefe de reportagem na Jovem Pan, Izilda Alves alerta para o quanto é delicado falar de doenças que envolvem comportamento, como as dst/aids. “Temos uma linha muito tênue entre a informação e a precaução para não causar pânico entre a população”.
Para ela, o grande desafio é tornar compreensível o que os médicos falam e tentar levar ao ouvinte o que ela chama de “uma semente de conscientização”. “O jornalista não muda uma situação, mas pode lançar sementes para uma discussão e fazer com que as autoridades se mobilizem para a questão”.
Antiga conhecedora do rádio, apesar dos apenas 15 anos, Isis Lima Soares faz parte de um grupo de adolescentes que busca através da rádio comunitária Guadalupe, promover a discussão sobre temas como saúde, meio ambiente e política. Ela defende que não há como discutir temas importantes, não só para o jovem, mas para toda a população, se não houver a participação do rádio. “Vejo uma importância enorme da gente sentar com pessoas que trabalham com saúde, com profissionais da comunicação para ver como a gente pode tratar desse assunto nos meios de comunicação, principalmente, no rádio”.
Projetos direcionados - O apresentador do programa Sexo Oral, na rádio 89 FM,e Erótica, na MTV, Jairo Bouer mediou uma mesa redonda onde foram relatadas as experiências de diversos projetos voltados para a prevenção para públicos específicos, como freqüentadores de cinemas pornôs, Usuários de Drogas Injetáveis (UDI), garotas de programa, crianças soropositivo e homossexuais.
Sobre a importância do encontro, Bouer afirma que a parceria entre a mídia, a saúde e educação é fundamental. “A gente sabe que a mídia é poderosa e que pode influenciar o comportamento das pessoas e quando vem municiada de informações das Secretarias da Educação, da Saúde, das ONGs, tudo isso vai aumentar o nível de informação da população e esse é o primeiro passo para uma mudança de comportamento”.
Participaram da abertura do encontro, o secretário Adjunto da Secretaria Municipal da Saúde, Pedro Dimitrov, o Coordenador do Programa DST/AIDS Cidade de São Paulo, Fábio Mesquita, o diretor do Sindicato dos Jornalistas, José Augusto de Oliveira, a repórter da rádio CBN, Cristina Coghi, o deputado estadual Roberto Gouveia (PT), e o diretor da OBORÉ, Sergio Gomes. A prefeita Marta Suplicy enviou mensagem de apoio destacando a importância do engajamento dos radialistas nas questões de prevenção às dst e aids (leia abaixo).
Além de profissionais de rádios comerciais, estiveram presentes comunicadores de rádios comunitárias, profissionais da área da saúde e estudantes de jornalismo. Maurício Grille, da rádio-web Luteranos Brasil veio do Rio de Janeiro especialmente para participar do encontro.
Cada participante recebeu um cd com dez spots abordando temas de prevenção para serem veiculados nas rádios. O projeto é uma realização do Programa DST/AIDS Cidade de São Paulo, produzido em parceria com a OBORÉ e apoio da Coordenação Nacional DST/AIDS do Ministério da Saúde.
Mensagem da Prefeita Marta Suplicy
“Os radialistas têm papel fundamental na tarefa de informar e esclarecer a opinião pública a respeito das mais relevantes notícias do país e do mundo, mas não é só isso. Por seu longo alcance, atingindo até mesmo outros locais onde ainda hoje a TV não chegou, o rádio é o mais importante instrumento para atingir a grande maioria dos brasileiros e nada melhor do que aproveitar esse espaço para campanhas institucionais, como, por exemplo, a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis - dst - e aids.
Nesse sentido, o encontro DST/AIDS No Ar - Saúde nas Ondas do Rádio, promovido pelo Programa DST/AIDS Cidade de São Paulo da Secretaria Municipal da Saúde merece o nosso aplauso e reconhecimento, na medida em que discute a importância dos profissionais do rádio no engajamento nessas campanhas.
Apenas na cidade de São Paulo, a aids mata, por ano, cerca de 1400 pessoas, em sua maioria, as pessoas infectadas pelo HIV são pobres, com baixo nível de instrução, sendo que as mulheres ainda continuam em posição mais vulnerável que os homens, conforme o Boletim Epidemiológico, divulgado em maio passado.
Os profissionais de todas as emissoras de rádio da cidade de São Paulo estão de parabéns por essa luta contra as DST/AIDS.” |
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