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  “Cortina de Fumaça” coloca em debate o luto inserido no cotidiano, na Sessão Averroes de 15 de outubro
Texto e Foto: Giulia Afiune
  21/10/2012

O filme vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim de 1995, "Cortina de Fumaça" (Smoke, de Wayne Wang) foi a obra exibida na Sessão Averroes de 15 de outubro, na Cinemateca Brasileira. Com roteiro do escritor nova-iorquino Paul Auster, o filme entrelaça histórias de diferentes personagens a partir da vida de Auggie, gerente de tabacaria que fotografa diariamente a esquina de sua loja, e Paul, um escritor que não consegue mais criar após a morte da esposa grávida.

“Os cineastas modernos tentam fazer algo assim, mas muitas vezes não conseguem juntar as pequenas histórias porque falta um eixo mais forte. Mas esse filme aguenta”, analisou Olga Futemma, documentalista e coordenadora do Centro de Documentação e Pesquisa da Cinemateca Brasileira.

De acordo com os debatedores, um desses eixos é a superação do luto pelo escritor, caracterizado por Olga como uma curva “muito bonita, bem amarrada e sutil”. “Paul começa morto, porque depois que a esposa morre, ele nunca mais escreve. Está preso no passado e deixa de viver as coisas que estão por vir. O que acontece? A vida concreta dele é salva quando Rashid o impede de ser atropelado.”, explica Isaac Levensteinas, psiquiatra e psicanalista, e professor dos cursos de psicologia médica e psicoterapia psicanalítica da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, que participou da Mesa de Reflexão ao lado de Olga.

A partir disso, Paul abriga em sua casa o jovem negro que estava em busca de uma identidade. Segundo o psicólogo, começa aí uma relação de pai e filho, uma vez que o filho de Paul havia morrido com sua esposa e Rashid nunca conhecera o pai. “Rashid mora perto de Paul, mas em outra galáxia, como ele explica no filme. É uma visão muito certeira do que acontece em termos de classe. ”, apontou Olga. Para ela, detalhes significativos como esse dão um ar despojado à obra. “É um filme despretensioso que não tem grande impacto como grandes produções hollywoodianas. É bem objetivo em relação ao que quer tratar e tem grande fertilidade.”

A tônica do filme é a inserção dos problemas dos personagens, como luto, desigualdade social, falta do pai, etc, no cotidiano. Olga considerou a parte em que Auggie mostra a sequência de fotos da esquina de sua loja a Paul uma das cenas de ouro do filme. “Auggie aconselha Paul a olhar as fotos com mais calma, percebendo como as fotos são iguais, mas também diferentes. Olhar o sagrado que está no cotidiano é uma das coisas mais tremendamente difíceis para qualquer um”, conta a documentalista. Em seguida, ele encontra sua esposa em uma das fotos. “Auggie disciplinadamente tem a sua missão de fotografar a esquina. Quer falar sobre o mundo? Fale da sua rua, de seu bairro. É na descida vertical que se pode ser universal.”, refletiu Olga.

Para o psiquiatra Isaac Levensteinas, o filme oscila entre ver e não ver. “A obra mostra o desenho de Rashid, as fotografias de Auggie, mas tem também a Ruby (ex-esposa de Auggie) que não tem um olho e a história da senhora cega.” O médico buscou entender o nome do filme, cuja primeira associação é a fumaça dos cigarros vendidos na tabacaria de Auggie. “A fumaça esconde algo, impede a visão, ao mesmo tempo em que pressupõe fogo e intoxica o pulmão”, explicou. “Além disso, a fumaça também representa a alma, algo que não poderia ser pesado, como eles falam em uma passagem do filme, pois é o que já foi e não está mais ali.”


Assista a um trecho do filme

Sessão Averroes de Cinema e Reflexão

Atividade permanente da Cinemateca desde 2009, a Sessão Averroes tem o objetivo de refletir, examinar e debater a condição humana, a vida e sua terminalidade sob uma perspectiva multidisciplinar. O projeto foi batizado em alusão ao filósofo espanhol Averroes, considerado um dos pais da medicina.

As sessões são gratuitas e, apesar de destinadas a profissionais e estudantes da área da saúde, mas também são abertas ao público em geral. Acontecem sempre às 19h da última segunda-feira de cada mês, são precedidas de visita monitorada (17h) por toda a Cinemateca, incluindo a área técnica de restauro, e de um lanche comunitário. Logo após o filme, convidados das mais diversas áreas do conhecimento formam uma Mesa de Reflexão, para debater a obra.
 
A Sessão Averroes é fruto da parceria entre Cinemateca, Hospital Premier/Grupo MAIS e OBORÉ e, neste mês, conta com o apoio da Faculdade de Medicina de Itajubá, Instituto Paliar e Academia Nacional de Cuidados Paliativos.


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