A ideia do 1000 em 1 foi concebida há exatamente um ano, no 6^o Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo , em uma conversa entre Angelina Nunes, da Abraji, e Sergio Gomes, da OBORÉ. “Ok, você ganhou o prêmio. E aí? Alguém sabe exatamente como você fez a matéria? Você compartilhou o seu conhecimento com alguém? Isso é o principal, e não tem”, considerou Angelina, que também trabalha no jornal O Globo.

“Se a gente imaginar que por trás de cada prêmio tem uma história, e por trás de cada história levantada existem jornalistas que encontraram caminhos para encontrar essa história que precisava ser contada, o que interessa para quem está na etapa de formação não é recitar os prêmios, mas conhecer essas histórias”, argumentou Milton Bellintani, coordenador pedagógico do Projeto Repórter do Futuro, que abarca o Projeto 1000 em 1. 

Angelina defendeu o importante papel pedagógico desse trabalho. “Quando os jornalistas apresentam o seu trabalho, nós podemos aprender com os erros que ele teve”, acrescentou.

O logo do projeto, elaborado pelo cartunista Laerte Coutinho, ilustra as dificuldades que os jornalistas enfrentam na apuração. “O cara vê um cisne nadando no lago, ’ó que maravilha, Caco Barcellos, Eliane Brum’, e não tem a menor ideia da trabalheira que têm as patas lá embaixo. Nós queremos que esse projeto ajude a formar uma nova geração de jornalistas com tesão jornalístico e fôlego, paciência e persistência”, justificou Gomes, diretor da OBORÉ.

A partir de agora, os 51 estudantes vão se organizar para levar o projeto adiante. “A gente sabe que é difícil se auto-organizar, mas formar uma equipe com estudantes de tantos estados e realidades diferentes pode ser uma experiência muito rica”, defendeu Alessandra Alves, do 3^o ano de Jornalismo da ECA-USP, uma das primeiras que se engajou na iniciativa.

Todos os estudantes que participaram da reunião e os que não puderam comparecer tem interesse, devem se inscrever, enviando um e-mail para reporterdofuturo@obore.com, incluindo também o nome da dupla escolhida.

 
Boas práticas do Jornalismo

Além da discussão sobre o curso 1000 em 1, os palestrantes Sérgio Gomes e Angelina Nunes, juntamente com os participantes da palestra, abordaram outros assuntos presentes na carreira do jornalista, entre eles, qualidade na produção da pauta e na apuração de dados, a importância da transparência no júri de grandes prêmios e do clima quente que os futuros jornalistas encontrarão nas redações.

“Fazia tempo que não tinha uma conversa assim, na redação não temos tempo para isso” disse a palestrante Angelina Nunes, levantando a importância da discussão de como se produzir boas matérias, reavivando as técnicas para o dia-a-dia. A jornalista também salientou a importância das redes sociais nas redações e da crescente presença do “jornalismo cidadão” no cenário hard news.

O jornalismo multiplataforma também foi um dos temas da palestra, lembrando os futuros e atuais jornalistas que, para serem mais competitivos no mercado, têm de atuar em diferentes áreas e fases da publicação de matérias, filmagem, edição, jornalismo online e impresso, entre outros formatos.