16/05/2012
O arqueólogo Eduardo Góes Neves e o físico Paulo Artaxo discutem os conflitos entre desenvolvimento e preservação ambiental e cultural.
O arqueólogo e professor do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP), Eduardo Góes Neves falou sobre os conflitos entre a necessidade de preservação do patrimônio arqueológico da Amazônia e sua exploração econômica na segunda conferência de imprensa do módulo Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter, realizada na sede do Instituto de Estudos Avançados da USP no último sábado,12 de maio. De acordo com Neves, os sítios arqueológicos muitas vezes ficam em áreas protegidas ou habitadas pela população local, o que dificulta a conservação. “O problema é que às vezes você tem uma comunidade muito pobre em cima de sítios arqueológicos maravilhosos. Então, eles acabam vendendo essas peças de arte primitiva aos turistas para sobreviver”, relatou.
Neves informou que a Lei Federal 3924 define que em todo local que possua sítios arqueológicos, como é o caso da Amazônia, seja feito um laudo arqueológico autorizando construções.“Como o Brasil ainda tem poucos arqueólogos, as empresas que fazem os
laudos arqueológicos ganham muito dinheiro com isso”, disse. Para ele, é o que acontece na construção das usinas hidrelétricas “O ritmo de construção das barragens é muito rápido e a demanda é muito grande. Atualmente são 70 barragens previstas para serem construídas na Amazônia. O medo é que não dê tempo de entender bem esse patrimônio antes dele ser destruído”, revelou o arqueólogo.
O arqueólogo Eduardo Góes Neves e o coordenador do módulo Amazônia Pedro Ortiz.
Os efeitos da construção de barragens também foram abordados pelo professor do Instituto de Física da USP, Paulo Artaxo, em sua conferência. Para ele, a instalação de uma hidrelétrica altera toda a dinâmica do local. “Pra começar, você retira do local a floresta, que absorve carbono, e coloca uma represa, que libera carbono”, explicou o físico que está há mais de 20 anos à frente do Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia, o LBA, vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas Ambientais (INPA). Contudo, ele sustenta que não há outra fonte de energia renovável, além da hidrelétrica, disponível para o desenvolvimento da região amazônica. “É possível minimizar os impactos econômicos sociais e ambientais da usina de Belo Monte. Mas é a sociedade brasileira que vai decidir até que ponto ela vai aceitar as condições”, considerou Artaxo.
Professor do Instituto de Física da USP, Paulo Artaxo explica a dinâmica climática da Amazônia em conferência.
Confira a cobertura completa do módulo Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter pelo site-laboratório do Projeto Repórter do Futuro.
Próxima conferência
Já neste sábado, 19 de maio, a conferência de imprensa será com a Profa. Neli Aparecida de Mello-Théry, coordenadora do Grupo de Pesquisa Políticas públicas, territorialidades e sociedade do Instituto de Estudos Avançados da USP. Graduada em Geografia pela Universidade Federal de Goiás (1978), em 2008 obteve sua livre docência na Universidade de São Paulo, com pesquisa sobre as terras públicas federais na Amazônia e sua relação com o meio ambiente e a gestão. Em 2011 obteve a Habilitation a diriger des recherches - HDR na França pela Université de Rennes 2.
Neli participa de redes e laboratórios de pesquisa no Brasil e na França. Sua experiência na área de Geografia abrange principalmente os temas gestão ambiental, dinâmicas territoriais, políticas ambientais e territoriais, meio ambiente e desenvolvimento sustentável, gestão urbana e ordenamento territorial, meio ambiente e políticas internacionais. É autora dos livros Território e Gestão Ambiental na Amazônia: Terras públicas e os dilemas do Estado (2011), Políticas Territoriais na Amazônia (2006) e co-autora do Atlas do Brasil - Disparidades e Dinâmicas do Território (2005, 2008) entre outros.
Fonte: Currículo Lattes
Programação
Dia 19/05
9h às 12h – Profa. Neli Aparecida de Mello-Théry (EACH e IEA-USP)
Dia 26/05
9h às 11h – General Antunes (Exército Brasileiro, ex-CMA)
11h às 13h – Profª. Betty Mindlin (PUC e IEA-USP)
Dia 02/06
9h às 12h – Prof. Wagner Costa Ribeiro (IEA e PROCAM-USP)
Dia 16/06
9h às 11h - Prof. Marcos Buckeridge (IB-USP)
11h às 13h - Prof. Paulo Kageyama (ESALQ-USP)
Dia 23/6
9h às 11h - Prof. Ariovaldo Umbelino de Oliveira (FFLCH-USP) |