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  IEA-USP, Grupo MAIS e OBORÉ promovem debate sobre a imagem do idoso na imprensa
Reportagem e redação: Giulia Afiune. Edição: Ana Luisa Gomes. Foto: Giulia Afiune.
  15/10/2011

Serviço

Ciclo de Debates
IDOSOS DO BRASIL: ESTADO DA ARTE E DESAFIOS
Promoção: Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, Grupo MAIS – Modelo de Atenção Integral à Saúde e OBORÉ Projetos Especiais
Realização: Instituto de Estudos Avançados – IEA/USP

O idoso na imprensa 
Expositores: Manuel Carlos Chaparro (ECA-USP), Julio Abramczyk (Folha de S. Paulo) e Fabiane Leite (TV Globo-SP)
Coordenador: David Braga Jr. (Grupo Mais / Hospital Premier)
Data: 18 de outubro de 2011, terça-feira, 14h
Local: Instituto de Estudos Avançados – IEA/USP
Sala Alberto Carvalho da Silva
R. da Praça do Relógio, 109, Bloco K, 5º andar
Cidade Universitária, São Paulo, SP.

Transmissão ao vivo  www.iea.usp.br/iea/aovivo/index.html
Informações: Sandra Sedini: sedini@usp.br / 3091-1678
ou no site www.iea.usp.br

Mesas anteriores:

1. Demografia e Referencial Legal
Expositoras: Salete Maccalóz (Uerj e Tribunal Regional Federal da 2ª Região) e Marílila Louvison (Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo
Coordenador: David Braga Jr. (Grupo Mais / Hospital Premier)
Data: 18 de outubro de 2010

2. Políticas Públicas Relacionadas à Pessoa Idosa
Expositores: Solange Kanso El Ghaouri (Ipea) e José Luiz Riani Costa (Unesp)
Coordenador: David Braga Jr. (Grupo Mais / Hospital Premier)
Data: 24 de novembro de 2010
Duração: 1h59min
     
3. Aspectos Urbanos e Habitacionais em uma Sociedade que Envelhece
Expositores: Alexandre Kalache  (OMS) e Guita Grin Debert  ( Unicamp)
Coordenador: David Braga Jr. (Grupo Mais / Hospital Premier)
Data: 29 de março de 2011
Duração: ( falta autorização para divulgação) 

4. Fisiologia e Fisiopatologia do Envelhecimento
Expositores: Eduardo Ferriolli (FMRP-USP) e Wilson Jacob Filho (FM-USP)
Coordenador: David Braga Jr. (Grupo Mais / Hospital Premier)
Data: 31 de maio de 2011

5. Modelos de Atenção para a Saúde da Pessoa Idosa
no Brasil: Necessidades, Avanços e Desafios
Expositores: Luiz Roberto Ramos (Unifesp) e Yeda Duarte (EE-USP)
Coordenador: David Braga Jr. (Grupo Mais / Hospital Premier)
Data: 14 de junho de 2011

6. Universidade Aberta à Terceira Idade
Expositora: Ecléa Bosi (IP)
Coordenador: David Braga Jr. (Grupo Mais / Hospital Premier)
Data: 9 de agosto de 2011

7. Mediar, Medicar, Remediar, Paliar
Expositoras: Jane Dutra Sayd (IMS-Uerj) e Maria Goretti Maciel (HSPE-SP)
Coordenador: David Braga Jr. (Grupo Mais / Hospital Premier)
Data: 13 de setembro de 2011

8. Envelhecimento e Subjetividade
Expositoras: Délia Catullo Goldfarb (PUCSP), Maria Júlia Kovács (IP-USP) e Miriam Schenkman Chnairderman (USP)
Coordenador: David Braga Jr. (Grupo Mais / Hospital Premier)
Data: 30 de setembro de 2011

COMO FOI A OITAVA MESA DO CICLO

O Instituto de Estudos Avançados da USP, em parceria com a OBORÉ e o Grupo MAIS – Modelo de Atenção Integral à Saúde, reuniu no dia 30 de setembro as professoras e pesquisadoras Délia Catullo Goldfarb e Maria Júlia Kovácks e a cineasta Miriam Schenkman Chnaiderman para debater o tema Envelhecimento e Subjetividade. Délia é psicanalista, professora e coordenadora do curso de psicogerontologia da PUC-SP. Maria Júlia é professora do Instituto de Psicologia da USP, onde coordena o Laboratório de Estudos sobre a Morte. Já Miriam, fez mestrado e doutorado em comunicação e estuda as relações entre arte e psicanálise. 

De acordo com as palestrantes, grande parte dos problemas que a idade avançada traz aos idosos derivam da visão negativa que a sociedade tem sobre eles. Miriam defende que em uma sociedade de bens descartáveis, o que é velho é visto com forte preconceito. As perdas relacionadas à saúde, ao corpo, à sexualidade e ao trabalho não são aceitas em nossa cultura, como colocou Maria Júlia. Já Délia ilustrou essa análise com uma explicação semântica: “o aposentado é aquele que fica negado ao aposento” e, consequentemente, alheio ao convívio social. “O olhar social direcionado ao idoso é repleto de preconceitos, é um olhar que marginaliza, os deixa só, não os ajuda”, comentou a psicanalista. Segundo ela, o próprio idoso acaba aceitando isso e fica resignado nessa posição, convencido de que não tem qualquer valor na sociedade. Assim, explica Délia, ele sofre o desamparo, tanto por parte da família e amigos, como das políticas públicas. A professora da PUC/SP sustenta que o idoso não é visto como um sujeito. “Parece que depois de uma certa idade a gente não é mais o que era e passa a ser um velho.” Délia defende, contudo, que o indivíduo está constantemente se transformando e construindo sua subjetividade, inclusive na velhice. 

Por isso, existem diferentes maneiras de lidar com os problemas que a idade avançada pode trazer. Maria Júlia ressaltou a diferença entre uma pessoa ser doente e ter uma doença. “No primeiro caso, sua história toda se resume à doença, só falam disso, dos sintomas com uma riqueza de detalhes extraordinária.”, conta a psicóloga. Já no segundo, ele preserva a sua individualidade e consegue conviver com o problema. Para a professora da USP, ao adoecer, física ou psicologicamente, o idoso pode escolher entre dois caminhos: buscar tratamento ou se entregar para a doença e para uma sensação de fracasso por não conseguir curá-la.
As palestrantes salientaram que, sempre que possível, a opinião do idoso sobre si próprio e seu tratamento deve ser considerada. “Muitos idosos hoje morrem mal, isolados, com dor e sofrimento prolongados, sem saber o que está acontecendo”, critica Maria Júlia. “Muitos velhos estão se desintegrando em UTIs”. A pesquisadora ressaltou a importância de não naturalizar a dor e a depressão como características da condição de idoso e que, por isso, não precisariam ser tratadas. Além disso, defendeu que o respeito à vontade do idoso possibilita uma morte mais digna. “O bom médico é aquele com quem você pode conversar sobre essa questão e expressar sua vontade – não quero ter dor, eu gostaria de ficar consciente, quero fazer isso e não aquilo, é possível?”.

O planejamento da própria morte e do luto antecipatório foram pontos muito debatidos. “A consciência da finitude pode levar a uma elaboração ou ao desespero, raiva, revolta e pode se encaminhar para um estado patológico.” Para que a consciência do término da vida seja trabalhada é preciso esforço da equipe de saúde, da família e do paciente. Mas os resultados podem ser gratificantes. Uma possibilidade terapêutica é o estímulo à recuperação de memórias do idoso. “Isso permite o crescimento do espaço da memória e que surjam novas lembranças. Assim, o idoso pode pensar “eu fui tudo aquilo na minha vida, sou ainda tudo isso, ainda estou aqui.”, defende Délia. 

A palestra deixou claro que tratar doenças e esperar pela morte não são as únicas atividades para um indivíduo idoso. Ele ainda possui diversas possibilidades de aprendizagem e crescimento pessoal. Maria Júlia abordou algumas, como recuperar a história pessoal fazendo um balanço de sua vida, refletir sobre assuntos que permaneceram inacabados e resolvê-los, na medida do possível. Além disso, é importante manter o convívio social, se relacionando com a família, filhos e netos e mantendo aberta a possibilidade do relacionamento amoroso na maturidade. 

Nesse âmbito, articulam-se temas debatidos em outras mesas de reflexão do ciclo Idosos no Brasil: estado da Arte e Desafios. A inclusão do crescente contingente de idosos como sujeitos atuantes na sociedade, bem como a criação de espaços que possibilitem seu convívio social exigem uma abordagem interdisciplinar e um esforço da sociedade como um todo. Os encontros no IEA buscam dar conta das múltiplas facetas desse fenômeno.
Segundo David Braga Jr., médico e coordenador geral das mesas de debates pelo Grupo MAIS, a intenção deste ciclo temático é organizar uma agenda dedicada à pessoa idosa, desenhar um modelo de atenção integral e traçar um plano de ação para contribuir com as Diretrizes da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. 

Buscando ampliar as discussões e a repercussão desses temas na sociedade brasileira, todas as mesas de debates são transmitidas ao vivo pela internet e disponibilizadas na midiateca online, no site www.iea.usp.br As apresentações e discussões geradas no evento serão sistematizadas em uma edição especial / dossier da revista Estudos Avançados, publicação oficial do IEA, que em 2011 está comemorando seus 25 anos de atividades. 


      

 
 
 
   
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