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10/03/2011
A primeira Sessão Averroes do ano aconteceu no dia 28 de fevereiro na Cinemateca Brasileira. Nesta edição, a mesa de reflexão sobre o filme “Elsa e Fred”, do diretor argentino Marcos Carnevale, ficou por conta dos médicos Sérgio Paschoal e Gilberto Natalini, também vereador na cidade de São Paulo.
O longa-metragem narra a história de dois idosos: Fred, um recém-viúvo solitário e hipocondríaco que, ao mudar de apartamento, conhece e se apaixona pela vizinha Elsa, uma senhora esperta e bem-humorada que busca aproveitar ao máximo cada momento de sua vida. Juntos, Elsa e Fred vivem uma improvável história de amor, superando os limites impostos pela idade e descobrindo novos caminhos para sua felicidade.
“O filme possui os elementos básicos de uma história romântica: Um casal de apaixonados, os atos de sedução, os encontros, desencontros, anseios e desejos, incluindo o aflorar da sexualidade.”, analisa o Dr. Sergio Paschoal, coordenador da área da Saúde do Idoso da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo. “Mas não é um romantismo típico das histórias de cinema, pois os protagonistas são dois velhos. Não tem galã e nem mocinha.”
Para o Dr. Sergio, o filme ajuda a romper com uma série de estereótipos e preconceitos, como os de que os velhos são assexuados ou que velhice, paixão e sonhos não combinam. “De uma maneira agradável, ‘Elsa e Fred’ rompe com a imagem social que se tem da velhice, e nesse ponto ele é fundamental”, completa o Dr. Paschoal.
O vereador Gilberto Natalini observou que dois aspectos fundamentais da vida cotidiana dos idosos são muito bem explorados no filme: “A parte afetiva e emocional, que inclui o relacionamento amoroso e a relação dos idosos com a família, e a parte financeira e suas limitações, como continuar vivendo na velhice, podendo comer, vestir e morar com qualidade.”
Frente às previsões de envelhecimento da população brasileira, o Dr. Natalini acredita que o filme seria um um instrumento didático para discutir o assunto com a população. “Nós não estamos preparados para receber esse contingente de pessoas com 70, 80 e 90 anos, nem do ponto de vista afetivo, nem do ponto de vista de estrutura urbana, transporte, moradia e alimentação.”
Segundo o vereador, para criar novos caminhos e capacitar a cidade de São Paulo nesse sentido, precisamos envolver setores da gestão pública, da iniciativa privada e a sociedade civil, impregnando-os de preocupação. Muitas projetos já estão sendo realizados, contudo, “o que falta é o link, a associação dessas iniciativas em torno de uma política única bem definida. Isso vai depender de eventos culturais como a Sessão Averroes e outros espaços de conversa que possamos ter com a sociedade. Precisamos somar forças e evitar o esforço repetitivo.”
O Dr. Natalini observou que os recursos destinados a projetos como o Bairro Amigo do Idoso trazem benefícios para toda a população: “No momento em que se melhora uma calçada, melhora para todos, não só para o idoso.” A arquiteta Rita Vaz, mediadora do debate, concluiu a conversa: “As políticas direcionadas aos idosos são uma oportunidade de reformar essa cidade numa direção que permita a todos o deslocamento prazeroso, o devaneio, o passear sem precisar olhar pro chão para não tropeçar na calçada.”
Sobre a Sessão Averroes
Fruto da parceria entre a Cinemateca Brasileira, o Hospital Premier/Grupo MAIS e a OBORÉ, a Sessão Averroes tem por objetivo refletir, examinar e debater a condição humana, a vida e sua terminalidade. O evento acontece sempre às 19h da última segunda-feira de cada mês, na Cinemateca.
O nome da Sessão é uma alusão ao filósofo espanhol Averroes, considerado um dos pais da Medicina. O projeto conta com o apoio da Faculdade de Medicina de Itajubá (MG), da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), do Instituto Paliar e da Academia Nacional de Cuidados Paliativos.
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