30/11/2010
A segunda mesa de discussões do ciclo Idosos do Brasil: estado da arte e desafios aconteceu na última quarta-feira, 24 de novembro. Na sede do IEA (Instituto de Estudos Avançados da USP), os palestrantes Solange Kanso El Ghaouri e José Luiz Riani Costa exploraram diferentes âmbitos da vida pública dos idosos, incluindo Saúde, Moradia e Cultura, o que enfatizou o caráter multidisciplinar do ciclo. O panorama apresentado criou uma base sólida para os próximos encontros, gerando boas expectativas na equipe organizadora do evento, composta pela OBORÉ, Grupo Mais (Modelo de Atenção Integral à Saúde) e IEA.
Solange Kanso é pesquisadora do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e em sua fala expôs uma série de dados relevantes à análise da situação dos idosos no Brasil. Segundo projeções do IPEA, a pirâmide etária da sociedade brasileira está se invertendo, ou seja, o índice de nascimentos está abaixando enquanto a expectativa de vida cresce, resultando em um menor número de crianças e um maior número de idosos. De acordo com Solange, esse quadro reformula alguns aspectos da sociedade, como as estratégias do mercado voltado para o consumo dos idosos e os arranjos familiares. Usualmente, as famílias abrigavam os idosos, mas com a inserção das mulheres no mercado de trabalho, o tempo para dedicar-se a eles diminui. Solange acrescenta, “Por outro lado, elas dispõem de mais renda para cuidar dos idosos”, o que aumenta a demanda por IPLIs (Instituições de Longa Permanência de Idosos). Contudo, 70% das cidades brasileiras não contam com esse recurso, o que reflete a necessidade de investimento do Estado nessa área.
O médico José Luiz Riani Costa, o segundo palestrante, é especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental e professor da UNESP (Universidade Estadual Paulista). Riani defendeu o desenvolvimento de políticas públicas especificamente direcionadas aos idosos, “Nós vivemos em uma sociedade desigual em que é necessário tratar diferentemente os desiguais para que o acesso ao direito seja igual”. Para o professor, as políticas públicas devem contribuir para suprir as necessidades e vontades dos idosos exemplificadas na música Comida, dos Titãs: “A gente não quer só comida/ A gente quer comida, diversão e arte, além de moradia, saneamento, meio ambiente, trabalho, renda, transporte, educação, cultura, esporte e lazer” completou Riani. A adaptação das cidades para receber os idosos envolve todos esses campos e inclui a melhoria de calçadas e vias de acesso para circulação, além da criação de espaços culturais. As discussões sobre o meio ambiente também poderiam incluir os idosos, na medida em que seu conhecimento e história de vida poderiam ser usados em atividades de educação ambiental.
Para fechar as duas exposições, David Braga Jr. ressaltou a importância de pensar políticas públicas concretas em cada uma dessas áreas para que elas possam melhorar
diretamente a qualidade de vida da população. “As pessoas não moram no Plano de Saúde ou no Brasil, mas na cidade, numa quadra. O alcance da política deve ser o CEP, o endereço das pessoas”.
Veja também:
Ciclo Idosos do Brasil: estado da arte e desafios
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