25/10/2010
O 9º Curso de Informação sobre Jornalismo em Situações de Conflito Armado e outras situações de violência reuniu estudantes universitários de vários estados do Brasil e é resultado da parceria entre o CICV (Comitê Internacional da Cruz Vermelha), Abraji e OBORÉ no âmbito do Projeto Repórter do Futuro.
Neste módulo, os 25 estudantes de jornalismo tiveram a oportunidade de realizar entrevistas coletivas dia 16 de outubro com o jurista argentino Gabriel Valladares, assessor jurídico do CICV e com o Coronel Silva Filho, responsável pelo Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEx) e pelas tropas brasileiras em missão da ONU no Haiti.
Antes da coletiva, Valladares fez uma exposição sobre o processo histórico de formação do Direito Internacional Humanitário (DIH), o conjunto de regras que pauta a atuação do CICV pelo mundo. Na área de conflitos armados, o DIH incide sobre dois campos: a proteção dos civis e ex-combatentes e a limitação do uso de armas que provoquem um sofrimento desnecessário a suas vítimas. Para Valladares, “o objetivo do DIH é encontrar um equilíbrio entre as necessidades militares e as exigências da humanidade”.
Na conferência de imprensa, os alunos esclareceram dúvidas acerca da implementação do DIH. Uma das perguntas foi sobre as armas que deveriam ser proibidas e Gabriel usou como exemplo as bombas cluster, um tipo de munição que o Brasil ainda não proibiu. Uma questão recorrente foram as medidas de proteção às vítimas dos conflitos armados, como crianças e a população civil.
Na parte da tarde, os alunos já estavam mais aquecidos para a coletiva com o Coronel Silva Filho. Sua fala inicial abordou a estrutura do Exército brasileiro e o papel do CCOMSEx no fortalecimento da imagem do Exército perante a sociedade. O foco da conferência foi a atuação das tropas brasileiras no Haiti sob o comando da MINUSTAH (Missão da ONU para a Estabilização do Haiti). Começando pela mudança na estratégia do Exército após o terremoto, as perguntas versaram sobre a cobertura da imprensa (que, segundo o Coronel, foca sempre os problemas), a inexistência de planos da ONU para a retirada das tropas e a relação entre a presença militar e ajuda humanitária. Embora a missão do Exército seja garantir a segurança, as tropas acabam dando suporte para a atuação de outros organismos de assistência.
Os estudantes se surpreenderam quando o Coronel mencionou o alto índice de abstenção nas Eleições Presidenciais no Haiti e o fato de que o Exército não planeja operações especiais para o período eleitoral, uma época tradicionalmente conturbada no país. “A maioria da população que pode votar não vota. Esta celeuma toda de eleições é feita apenas pela classe dominante e politizada”, afirmou ele. As eleições no Haiti ocorrerão em novembro mas a atuação das tropas não sofrerá mudanças até lá. Para o Coronel Silva Filho, “nessa eleição vai acontecer como aconteceu na eleição passada, vai continuar um país normal”.
O segundo encontro do 9º Curso de Informação sobre Jornalismo em Situações de Conflito Armado e outras situações de violência ocorreu no sábado, dia 23. Os entrevistados foram o Coronel André Vianna, da reserva da Polícia Militar de São Paulo, e Patrícia Campos Mello, correspondente internacional do jornal O Estado de São Paulo.
Acompanhe o trabalho dos alunos no site laboratório do Projeto:
www.reporterdofuturo.com.br
Saiba mais sobre este módulo do Projeto Repórter do Futuro:
Selecionados para o 9º Curso de Informação sobre Jornalismo em Situações de Conflito Armado do Projeto Repórter do Futuro
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