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  Sessão Averroes de 30 de agosto discutiu a dor física e afetiva na vida e na obra de Frida Kahlo
Texto: Leandro Melito e Luisa Purchio / Foto: Nivaldo Silva
  08/09/2010

Exibido na Sessão Averroes do dia 30 de agosto, na Cinemateca Brasileira, o longa Frida, de Julie Taymor (EUA / Canadá, 2002), trouxe à discussão a permanência da doença e da dor na biografia da pintora mexicana Frida Kahlo (1907-1954) e o reflexo desses fatores em sua obra. O escritor José Luiz Del Roio, Senador da República Italiana e membro do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial, coordenou a Mesa de Reflexão que sucedeu a exibição do filme e destacou a importância histórica e política de mais esta atividade, promovida em parceria pelo Hospital Premier, OBORÉ e Cinemateca Brasileira: “A Frida é uma personagem muito importante na história da América Latina, que está vivendo uma fase de recuperação de raízes e de seu orgulho. É importante sobretudo para um país como o México, que precisa tanto nesse momento”.

Assim como Frida, outros pintores passaram por doença que marcaram suas vidas e obras em contextos históricos e sociais distintos, como Michelangelo Merisi da Caravaggio, Pietá Rondanini, Francisco de Goya e Vincent van Gogh. “O filme e o debate realizaram algo que eu gosto muito, ligar a questão do social com a doença. A doença não existe na lua, ela está ligada profundamente ao social, e nós conseguimos trazer isto”, enfatiza Del Roio. No caso de Frida, o cenário de vida é o México pós-revolução de 1910 com a derrubada de Porfírio Diaz do poder em um levante popular liderado por Francisco l. Madero, de onde surgiram diversos líderes populares, entre eles Emiliano Zapata. Frida participou ativamente desse momento de ebulição social e política.

Para a antropóloga Cynthia Andersen Sarti, coordenadora da pós-graduação em Ciências Sociais da Unifesp, um aspecto emblemático da vida de Frida mas não abordado no filme de Taymor é a fase em que a jovem estudou na Escola Preparatória Nacional, referência em termos de educação pública progressista e uma das conquistas da revolução mexicana. Além do contexto político e social, o acolhimento amoroso que Frida vivenciou de sua família contribuiu na formação de sua personalidade irreverente. “A mistura dessas circunstâncias fez a Frida”, destaca Sarti. Apesar das adversidades, caracterizavam a pintora a vitalidade, sensualidade e exuberância sexual, inclusive no modo de se vestir, com acessórios que remetiam à tradição pré-colombiana. “Eu acho importante no caso da Frida essa questão de como tanta dor e sofrimento se transmutou em algo criativo”, diz Sarti.

O processo por qual Frida passou pode ser chamado de resiliência, segundo Ricardo Luiz Smith, médico, professor titular de Anatomia Descritiva e vice-reitor da Unifesp.  Do ponto de vista da psicologia, o termo refere-se à capacidade do indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas sem entrar em surto psicológico. “A arte personificada, no caso da Frida, tem uma ligação com as grandes questões da humanidade, como a vida e a morte”, diz Smith. “É uma maneira de morrer muito específica, de alguém que sofreu bastante, mas tinha uma vitalidade imensa”.

Presente à sessão, Laura Mazur, psicóloga argentina, considera o filme muito inspirador. “Em psicologia, uma pessoa com uma dor muito grande pode ficar feliz se direcionar sua energia para algo bom como a arte. Então [o filme] é um bom exemplo pra gente”. Essa relação entre dor e arte pode ser sintetizada em uma frase de André Breton, expoente do movimento surrealista, citada por Sarti ao final de sua fala: “A Arte de Frida é um laço de fita em torno de uma bomba”.

Mesmo dando grande destaque ao relacionamento entre Frida e Diego Rivera, expoente da pintura muralista mexicana, há uma preocupação estética da diretora Julie Taymor em trazer para a película a vasta obra da artista. Para isso, opta por reproduzir as mais famosas telas de Frida em cenas do filme utilizando enquadramentos estáticos - um trabalho de composição de cores e poses de Frida em seus auto-retratos, na interpretação marcante da atriz também mexicana Salma Hayek. Em determinado momento, uma cena se torna um quadro, ou se inicia dessa forma para depois ganhar movimento. “As telas se transformam na vida que ela está vivendo, isso é uma criatividade da diretora” diz Smith.

Saiba mais sobre a Sessão Averroes de agosto

Reportagem sobre Frida Kahlo, da revista Bravo

3º Ciclo de Cinema e Reflexão Aprender a viver, aprender a morrer
 
 
 
   
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