02/03/2010
Empresários, empreendedores individuais, estudantes, professores e ativistas da área da comunicação criaram sábado, 27 de fevereiro, em São Paulo, a Altercom — Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação.
Conforme ficou definido no encontro realizado durante todo o dia de sábado, a entidade terá como objetivo central defender os interesses políticos e econômicos das empresas e empreendedores de comunicação comprometidos com os princípios da democratização do acesso à comunicação, da pluralidade e da liberdade de expressão. Não a liberdade apenas para uns poucos grandes grupos midiáticos, como ocorre hoje — mas, sim, para a maioria da população que não tem respeitado hoje o direito a uma informação de qualidade.
Quanto mais proprietários e empreendimentos de comunicação houver no país, maior será a liberdade de expressão. Essa é uma das ideias que anima a criação da entidade: a garantia da expressão coletiva, a universalização do direito à liberdade de expressão. Por meio de uma intervenção coletiva organizada e articulada em todo o país, a Altercom pretende propor e disputar políticas públicas, além de regulamentações que democratizem o acesso aos meios e aos recursos de comunicação no Brasil.
Outro objetivo da entidade é dar visibilidade às novas experiências midiáticas e comunicacionais que vêm se expandindo pelo país. Uma Carta de Princípios, que será divulgada nos próximos dias, sistematizará esses princípios e objetivos que orientarão o funcionamento da associação.
A ideia de criar a nova entidade surgiu no processo de debates preparatórios para a 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada em dezembro, em Brasília. De lá para cá ocorreram uma série de reuniões preparatórias, em São Paulo e em Porto Alegre, que culminaram no seminário realizado sábado na capital paulista.
Além de debater os princípios e objetivos da nova entidade, o encontro também tratou de temas como liberdade de imprensa e liberdade de expressão, formas de associação, imprensa alternativa e independente e construção coletiva de uma comunicação contra-hegemônica. A mesa redonda que discutiu esses temas foi coordenada por Flavio Aguiar e reuniu os professores Bernardo Kucinski, Venício Lima, Laurindo Leal Filho e Denis de Oliveira.
Como resumiu Rodrigo Vianna, do blog Escrevinhador, a Altercom deverá reunir editoras, sites, produtoras de vídeo, de rádio, revistas, jornais, blogueiros, agências de comunicação e tantos outros que não se sentem representados pelo condomínio comandado por Abril/Globo/Folha/Estadão, nem tem peso econômico para atuar junto às grandes teles.
Defender as posições políticas desse setor significa participar do debate nacional. Rodrigo Vianna dá um exemplo: se a Abert (que representa a Globo) ou a Aner (que representa a Abril, basicamente) divulgam uma carta criticando a Confecom por, supostamente, atentar contra a “liberdade de expressão”, a Altercom fará o contraponto em nome dos empresários e empreendedores que não se alinham com o grande capital.
No terreno econômico, a associação defenderá, entre outras coisas, uma regulamentação mais justa e clara das verbas públicas de publicidade, de modo a estimular a diversidade de opiniões existente na sociedade brasileira. Além disso, procurará articular pequenos e médios empresários e empreendedores do setor para disputar também parte da verba dos anunciantes privados.
A Altercom pretende ainda abrir espaço para centenas de empreendedores individuais — a maioria deles blogueiros — que surgiram nos últimos anos no Brasil. Nomes como Luiz Carlos Azenha (Vi o Mundo), Rodrigo Vianna (Escrevinhador), Marcelo Salles (Fazendo Media), Eduardo Guimarães (Cidadania.com) e Marco Aurélio Weissheimer (RS Urgente). Blogueiros de todo o país serão convidados a participar da entidade.
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