02/12/2008
No dia 27 de novembro, o Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (SINPRO-SP) realizou no auditório de seu sindicato um encontro para discutir e comemorar os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que em 10 de dezembro completa seis décadas.
Assinada em 1948, a Declaração representa uma conquista histórica na garantia dos direitos de cada indivíduo. Um ideal comum a ser atingido por todos os povos e nações. Giancarlo Summa, representante da Organização das Nações Unidas no Brasil, explicou que esse foi um processo longo e que exigiu muita luta. “Hoje, todos conhecem a expressão ‘direitos humanos’, mas não era assim há 60 anos. Foi uma longa luta, mas que representa um avanço extraordinário”, disse na abertura do evento.
Desde a publicação do documento, muitos avanços foram conquistados. “Hoje, as nações são julgadas quando descumprem esses direitos essenciais. Os governos sabem que esses direitos devem ser preservados. Todos têm essa dimensão”, destacou Summa. Citando o artigo 26 da Declaração, ele lembrou ainda que a educação, gratuita e de qualidade, é dos direitos humanos mais básicos, garantidos na Declaração. E destacou que O desafio maior com relação a essa questão será acabar com o analfabetismo no mundo até 2015. “O problema é que aqui a educação privada é crescente, o Estado não consegue dar conta do compromisso sozinho”, analisou.
Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog – assassinado na ditadura militar – disse que precisamos estar atentos ao respeito desses direitos. Para Ivo, um dos casos mais latentes dessa situação é a desigualdade do acesso à educação de qualidade, já que no Brasil , nem todos têm esse direito efetivamente garantido. “Só estar matriculado em uma escola, não é garantia de que os estudantes estão, de fato, aprendendo. Para lutarmos por melhores condições, por uma sociedade melhor é preciso ter discernimento. E para isso, é preciso ter acesso à educação de qualidade. As escolas não podem ser apenas um abrigo”, disse.
O presidente da Secretaria Municipal de Direitos Humanos da cidade de São Paulo, José Gregori, exaltou os avanços conquistados seis décadas depois da publicação do documento. “O fato de a declaração ter sido redigida é um grande passo da civilização”. Para ele, os avanços na sociedade acontecem por conta do convencimento e não pelo caminho da imposição, da violência. As coisas que ficam, disse, são aquelas em que um convence o outro. O caminho dos direitos humanos é o do convencimento. “Esse livrinho tem muita importância; trata-se de uma redação que não envelheceu”.
O ex-ministro destacou ainda que a declaração já produziu grandes feitos e concluiu: “é a espinha dorsal da civilização humana moderna”.
Sergio Gomes, diretor da OBORÉ – entidade organizadora do evento em parceria com o SINPRO-SP – foi homenageado pela ONU por sua história de luta em defesa dos direitos humanos. Na placa recebida, a ONU agradece, especificamente, o trabalho realizado pela OBORÉ na articulação, organização e realização do Troféu Especial de Imprensa ONU: 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos – prêmio concedido no último 27 de outubro a cinco jornalistas ganhadores do Vladimir Herzog nos últimos 29 anos.
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