| |
06/10/2008
Faleceu na manhã desta segunda-feira, dia 6 de outubro, um dos pioneiros e responsáveis pelo segmento da medicina do trabalho no Brasil. Aos 84 anos, o médico do trabalho Bernardo Bedrikow não resistiu a um câncer que vinha combatendo nos últimos meses. Seu enterro acontecerá amanhã, dia 7, às 11 horas, no Cemitério Israelita do Butantã.
Formado em 1947 pela Faculdade de Medicina da Faculdade de São Paulo, Bedrikow despertou para a medicina do trabalho na década de 1950, quando se iniciava ainda no Brasil as discussões sobre o assunto. Em entrevista concedida em 2003 à equipe da OBORÉ para o livro “Saúde do Trabalhador no SUS”, dos médicos Maria Maeno e José Carlos do Carmo ( Editora Hucitec), o professor conta como iniciou sua contribuição na área. "Inicialmente, toda a minha preparação foi para a Clínica Médica. Fiz internato no HC, pois na época não existia residência. Depois do internato, procurei emprego no SESI, porque na época, por volta de 49 e 50, o SESI era um empregador de médicos. Lá, me perguntaram se eu tinha interesse para trabalhar numa ‘atividade diferente’, que era a saúde do trabalhador. Eu perguntei: o que é isso? Eles me responderam ‘Olha, nós também não sabemos, mas queremos desenvolver esta atividade’. O SESC tinha contratado o engenheiro Fernando Ferraz, aposentado da Sorocabana, que tinha viajado até os Estados Unidos e voltado com a idéia de implantar a higiene industrial, e precisava de um médico para montar uma equipe. No mesmo dia fui até a biblioteca da faculdade e elaborei um projeto com o pouco que pude encontrar sobre o assunto. Fui admitido no dia seguinte, numa área que nunca tinha passado pela minha cabeça, mas que até hoje não sai dela”, relatou à época.
A atuação do médico foi de fundamental importância para as ações da Organização Internacional do Trabalho, na América Latina e países europeus, ao socializar informações sobre a saúde dos trabalhadores.
Fica o registro de um dos ensinamentos de Bernardo Bedrikow: a necessidade de abordar a saúde do trabalhador em sua integralidade, ou seja, não se restringir ao diagnóstico e terapia. Mais que isso: desenvolver estratégias de prevenção com os agentes causais e etiológicos. “Sem isso, estaremos sempre na metade do caminho”, ensinava o professor.
|
|
(11) 99320.0068 |
