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01/11/2001
A violência no campo é o tema da edição especial do programa radiofônico A Voz da CONTAG, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura. Produzido e distribuído pela OBORÉ, o programa apresenta números, depoimentos e entrevistas sobre as mortes no campo, principalmente no sul do Pará, tido como território de esquadrões da morte e pistoleiros de aluguel. A CONTAG e a Comissão Pastoral da Terra - CPT - divulgaram, na última semana, uma lista com 26 nomes de líderes sindicais jurados de morte no Pará, entre eles, Airton Faleiro, secretário de Política Agrícola da CONTAG, que é um dos entrevistados do programa.
De acordo com reportagem publicada pelo jornal O Globo (22/10), a atuação de grupos de extermínio no Brasil está sendo investigada por entidades internacionais que entregarão os relatórios à ONU, no próximo ano. Enquanto isso, entidades como o Centro de Justiça Global e a Anistia Internacional começam a preparar levantamentos próprios. Com base em pesquisas da CPT, MST e Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Pará, o Centro de Justiça Global preparou um relatório para a Comissão de Direitos Humanos da ONU. De acordo com o relatório, entre 1971 e 2001,706 camponeses foram mortos no Estado, quase dois assassinatos por mês.
Dados da Comissão Pastoral da Terra indicam que nos municípios de Curionópolis, Paraopebas e Eldorado dos Carajás, a média de assassinatos em conflitos fundiários, no período de 1989 a 1999, foi de 8,7 para cada grupo de cem mil habitantes, 12 vezes mais do que a média estadual e 324 vez maior do que a média nacional. A Voz da CONTAG desta semana pretende alertar para a gravidade da situação no sul do Pará, onde existe até uma tabela de preços cobrados pelos pistoleiros. Um padre vale, por exemplo, R$ 20 mil, o preço mais alto. O programa é distribuído para 423 programas de rádio dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais e 121 emissoras da Igreja Católica.
A "lista da morte" - De acordo com a CPT, três trabalhadores rurais que faziam parte da lista já foram mortos. São eles: Euclides Francisco de Paula, José Dutra da Costa e José Pinheiro Lima.
Marcados para morrer
1 – Raimundo Nonato S. Silva – coordenador da Fetagri do Pará. 2 – Francisco de Assis Solidade da Costa – integrante da coordenação da Fetagri no Sudeste do Pará. 3 - Antônio de Souza Carvalho – Secretário Política agrária da Fetagri. 4 – Sebastião Ferreira – líder de ocupação na Fazenda Três Poderes em Marabá. 5 - José Soares de Brito – presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais em Rondon do Pará. 6 – Heraldo Ferraz de Souza – líder sindical na Fazenda Tulipa, em Rondon do Pará. 7 – Francisco Salvador – secretário agrário do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Pará. 8 – Maria Joel Costa – viúva de José Dutra da Costa, sindicalista executado em novembro de 2000 em Rondon do Pará. 9 – José Cláudio Ribeiro da Silva – líder sindical de Nova Ipixuna. 10 – Carlos Cabral Pereira – presidente dos Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Rio Maria. 11 – Raimundo Nonato Coelho de Souza – da coordenação do MST no Pará. 12 – Luiz Gonzaga – da coordenação do MST do Pará. 13 – Eurival Martins Carvalho – da coordenação estadual do MST. 14 – Ulisses Manaças Campos – da coordenação estadual de MST. 15 – Vandeilson Carneiros dos Santos – da coordenação estadual de MST. 16 – Frei Henri Burin Des Roziers – advogado da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Xinguara. 17 – Antonio Rodrigues da Silva – presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Parauapebas. 18 – Osiro Silva Monteiro – presidente da Associação Carlos Fonseca, em Parauapebas. 19 – Edinaldo Campos Lima – filho de José Pinheiro Lima, executado em julho deste ano. 20 – Leônidas Martins – CPT. 21 – Airton Faleiro – Contag. 22 – Deputado estadual José Geraldo Torres (PT-PA). 23 – Pastor Lício 24 – Tarcísio Alves Feitosa – Comissão Indígena Missionária 25 – Bruno Kenpner (FETAGRI) 26 – Juraci (FETAGRI)
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