23/07/2008
Domingo passado, 20 de julho, fui à Cúria Metropolitana de São Paulo participar da cerimônia de lançamento do Troféu Especial de Imprensa ONU: 60 anos da Declaração de Direitos Humanos/Prêmios Vladimir Herzog. O troféu será atribuído a cinco jornalistas, escolhidos entre as quase oito centenas de ganhadores do Vladimir Herzog ao longo das 29 edições do Prêmio já realizadas. E a escolha dos cinco contemplados será feita pelo voto dos próprios ganhadores do Prêmio Herzog, na condição simultânea de eleitores e candidatos.
A idéia original do representante da ONU no Brasil, o jornalista italiano Giancarlo Summa, era a de criar um novo prêmio de jornalismo, que levasse o nome das Nações Unidas, para marcar, em nosso país, o 60º aniversário da Declaração dos Direitos Humanos. Para pensar o prêmio, Summa procurou o jornalista Sérgio Gomes e a sua OBORÉ. E da ebulição de idéias surgiu o argumento de que não fazia sentido criar um novo prêmio de jornalismo sobre Direitos Humanos, porque ele já existe no País: o Prêmio Vladimir Herzog, criado e atribuído pela primeira vez em 1979 - este ano, portanto, em sua 30ª edição.
Conversa vai, conversa vem, chegou-se ao formato oficialmente anunciado na cerimônia de lançamento, domingo passado. Formato que faz deste Troféu Especial de Imprensa ONU algo mais do que um prêmio de jornalismo. Porque terá a abrangência de uma ação de resgate do formidável acervo de conteúdos do Prêmio Vladimir Herzog. Todos os trabalhos premiado desde 1977 serão localizados, organizados e digitalizados. E o projeto já está em plena execução, com uma equipe de estagiários trabalhando nos arquivos onde o Sindicato dos Jornalistas guarda as obras ganhadoras do Prêmio Herzog.
Por tudo isso, teve enorme importância a cerimônia de lançamento do Troféu Especial de Imprensa ONU: 60 anos da Declaração de Direitos Humanos/Prêmios Vladimir Herzog, realizada na sala de reuniões da Cúria Metropolitana, entidade que tem o seu nome historicamente vinculado às lutas por direitos humanos.
De passagem, diga-se que foi um evento de enorme significação política e cultural, pois reuniu, além de representantes oficiais das Nações Unidas e dos governos federal e estadual, o cardeal arcebispo de São Paulo, D. Odilo Sherer, e representações de entidades ligadas às lutas por cidadania e direitos humanos, entre as quais a ABI, o Sindicato dos Jornalistas de São Paula, a Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, a OAB-SP e o Fórum dos Ex-presos e perseguidos políticos. Presentes, ainda, representantes de empresas e entidades que decidiram cooperar com a organização do Prêmio. E lá estava também Elifas Andreato, o criador artístico do Troféu Vladimir Herzog.
Depois da cerimônia, formos presenteados com o magnífico concerto “Justiça”, apresentado na repleta Capela do Colégio Sion pelo Coral Luther King Camerata Harmonia, sob a regência do maestro Martinho Lutero, e com a participação da atriz Eva Wilma na leitura de textos.
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Detalhe: o acontecimento que aí fica noticiado não teve qualquer registro jornalístico nas edições de segunda-feira. Rádio, jornais, TVs, portais, todos foram previamente informados do evento. Mas ninguém apareceu. Nem a TV Cultura deu importância ao fato, a despeito do seu propalado discurso de jornalismo ético.
Daí, o mal disfarçado desalento com que, ao final, Sérgio Gomes me perguntou: “Chaparro, o que acontece com a pauta jornalística?”.
Penso que a pergunta do Sérgio é uma boa maneira de encerrar o texto.
Fonte: www.oxisdaquestao.com.br |