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  Projeto de memória coloca no ar mil textos de Aloysio Biondi
Com informações do projeto O Brasil de Aloysio de Biondi
  10/06/2008

Aloysio Biondi morreu em 2000, aos 64 anos, mas suas idéias continuam sendo espalhadas Brasil afora. No ar desde dezembro de 2007, o site www.aloysiobiondi.com.br é o produto final de um trabalho que foi iniciado logo após sua morte. Coordenado por Antonio Biondi, um de seus filhos, o projeto contou com as mais diversas colaborações. Parentes, amigos, ex-alunos e leitores do jornalista dedicaram-se durante esses anos na catalogação de material impresso, nas pesquisas em bibliotecas públicas, visitas a jornais, discussões via e-mail, escaneamento, xerox, digitação, construção de página na internet e mutirões de inserção de textos.

Esta turma encarou um trabalhão para disponibilizar gratuitamente a obra de um dos principais nomes do jornalismo econômico no Brasil na internet. Todo esse esforço resultou numa marca que está sendo comemorada pelos integrantes do projeto O Brasil de Aloysio Biondi: mil artigos e reportagens no ar. São textos provenientes de 23 veículos de informação para os quais Biondi escreveu. O portal também traz arquivos de áudio e alguns vídeos de Biondi. É uma ferramenta riquíssima de consulta, acessível por assunto, veículo e data.

Entre os temas abordados estão soberania nacional e dependência externa, privatizações e o papel do Estado, agricultura, emprego e renda, meio ambiente, direitos do consumidor e ética jornalística. Até o momento, o acervo online abrange a produção de Biondi nas décadas de 60, 70, 80 e 90, incluindo as matérias com que ele venceu o Prêmio Esso.

A página, toda em software livre, traz também depoimentos de Aloysio Biondi, além de fotos de momentos marcantes de sua carreira e de sua vida e reproduções fotográficas de alguns de seus principais trabalhos. Estão ali, testemunhos sobre ele escritos por Luis Fernando Verissimo, Emir Sader, Washington Novaes, Janio de Freitas e Ziraldo. Outro destaque é o perfil biográfico do jornalista elaborado por Thais Sauaya Pereira como trabalho de conclusão de curso na Faculdade Cásper Líbero.

Conheça um pouco mais sobre Aloysio Biondi
 
Aloysio Biondi nasceu em Caconde (SP), em 8 de julho de 1936, e morreu em São Paulo, em 21 de julho de 2000. A vida intensa incluiu a passagem por vários dos principais veículos jornalísticos do país. Biondi começou na Folha da Manhã (que depois se tornaria Folha de S.Paulo) em 1956, aos 19 anos. Durante a ditadura, participou ativamente da resistência com seu trabalho: numa revista Veja muito diversa da atual, desenvolveu uma cobertura pioneira do mercado de capitais; na efêmera, mas impactante, Revista Fator, esmerou-se em destrinchar os números da política econômica do todo-poderoso ministro Delfim Netto; na respeitada Visão, botou lenha na disputa entre ortodoxos e desenvolvimentistas e venceu um Prêmio Esso ao mostrar os impactos econômicos e sociais do desrespeito ao meio ambiente.

Mais adiante foi, durante a década de 90, uma das poucas vozes a se levantar contra foi a abertura econômica sem freios e a condução das privatizações. No período, colaborou com uma série de veículos – Folha de S.Paulo, Diário Popular, Caros Amigos, Revista dos Bancários e Revista Bundas, entre outros – e escreveu o livro O Brasil Privatizado – Um Balanço do Desmonte do Estado, em que calculou quanto o governo gastou e quanto obteve com a venda das estatais. O cálculo cuidadoso mostra que o discurso da equipe econômica do governo Fernando Henrique Cardoso escondia o fato de que R$ 87,6 bilhões não entraram ou saíram dos cofres públicos nesse processo. Isso precisava ser descontado do saldo. “O balanço geral mostra que o Brasil ‘torrou’ suas estatais, e não houve redução alguma na dívida interna, até o final do ano passado (1998)”, escreveu o jornalista. O livro foi um campeão de tiragem: mais de 130 mil cópias.

Quarenta e quatro anos de jornalismo, mais de 2 mil textos publicados. Neles, um intenso esforço de traduzir a realidade brasileira, interferir nela, permitir que, com base na informação, os brasileiros se manifestassem sobre os rumos do país. Por isso, Aloysio Biondi sempre optou por um texto acessível, original, sem os vícios da linguagem técnica dos especialistas da economia – área em que priorizou sua atuação. As matérias e artigos deixavam clara sua visão crítica e reviravam os conceitos que continham, mostrando que, muitas vezes, um determinado fato poderia, para a maioria da população, ser interpretado como o oposto do que vinha sendo veiculado pela imprensa. Essas características, apoiadas num obsessivo trabalho de garimpagem de dados, fizeram com que Biondi fosse considerado um dos maiores jornalistas que o Brasil já teve.

Vale lembrar que na OBORÉ, Aloysio integrou o Conselho de Orientação Profissional do Projeto Repórter do Futuro e foi coordenador do módulo Por Dentro do Brasil – Raio X do Campo, realizado de 6 de novembro a 4 de dezembro de 1999. Foi também assíduo colaborador dos programas de rádio da CONTAG – Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura entre 1993 e 2000, período em que a OBORÉ coordenou a Rede de Rádios do Sistema CONTAG de Comunicação.

Em homenagem à vida e obra deste grande jornalista, a OBORÉ batizou sua sala dedicada, principalmente, à capacitação de estudantes de jornalismo, com o nome de Espaço Aloysio Biondi, selando assim um compromisso com a formação dos nossos futuros jovens jornalistas.
 

 
 
 
   
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