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  Del Roio fala sobre as origens do 1º de maio no Repórter do Futuro

  02/05/2008

Nesta quinta-feira, 1º de maio, o radialista e político ítalo-brasileiro José Luiz Del Roio veio falar sobre as origens do Dia do Trabalho para os estudantes do projeto Repórter do Futuro. Senador na Itália, Del Roio é autor de uma obra pioneira sobre o processo de conscientização da classe trabalhadora, desde o massacre de Chicago – data que ficou marcada como o dia da luta dos trabalhadores pela redução da jornada de trabalho. Em 1º de maio – Cem anos de luta (1886-1986), ele resgata parte dessa história e do empenho dos trabalhadores em conquistar a jornada de 8 horas de trabalho.

No Brasil, a redução da jornada de trabalho é uma das principais bandeiras do movimento sindical. A prova disso é a união das seis Centrais Sindicais na campanha pela redução da jornada de trabalho sem redução de salário. A idéia é que com a redução de 44 horas semanais para 40 horas, mais empregos sejam gerados e que os trabalhadores tenham melhores condições em seus ambientes de trabalho. Segundo Del Roio, essa é uma fórmula que já funciona em vários países da Europa, onde a carga horária foi diminuída e a produtividade aumentou. Mas ele lembrou também que esse tipo de luta no Brasil sempre foi muito reprimida até que virou apenas mais uma festa no calendário.

Antes da Era Vargas, o Dia do Trabalhado era considerado um momento de protesto e crítica às estruturas sócio-econômicas do país. Mas a propaganda trabalhista de Vargas, sutilmente, transformou um dia destinado a celebrar o trabalhador, no "Dia do Trabalhador". Tal mudança, aparentemente superficial, alterou profundamente as atividades realizadas pelos trabalhadores. O que antes era marcado por piquetes e passeatas, passou a ser comemorado com festas populares, desfiles e celebrações similares. “Aí é que está a sacada. Sendo festa, todos participam. Inclusive o patrão. E isso fica muito ambíguo quando você pensa no histórico de luta dessa data. No Brasil virou tudo festa”, disse Del Roio. 

Prova disso são as tradicionais celebrações realizadas todos os anos pelas maiores Centrais,  onde sorteios de casas e carros e shows populares dão o tom do 1º de maio. “Não sou contra a festa. Mas não pode ser só ela. É uma festa sim, mas pela redução da jornada de trabalho, por melhores condições para os trabalhadores, pela saúde. O 1º de maio é a maior manifestação política em todo o mundo, com excessão dos EUA, e não pode acabar apenas em celebrações. O 1º de maio deve existir como dia luta. Não podemos deixar cair no esquecimento. O mais importante desse dia é a luta”, concluiu. 

A Conferência de Imprensa com José Luiz Del Roio faz parte do módulo Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter, que prosseguirá até o dia 31 de maio. Os encontros acontecem todos os sábados pela manhã no espaço Aloysio Biondi, na sede da OBORÉ. O próximo encontro, que será realizado no dia 10 de maio, terá como convidado o Secretário de Políticas Culturais do Ministério da Cultura, Alfredo Manevy. 

Sobre Del Roio

Envolvido em política e movimentos sociais desde os 17 anos, Del Roio tornou-se membro do Partido Comunista Brasileiro nos anos 60 e, após o golpe de 1964, fundou, com Carlos Marighella, a Aliança Libertadora Nacional (ALN), abraçando a luta armada como forma de resistência à ditadura recém-instalada.

Por causa da repressão, Del Roio exilou-se no Peru e no Chile. Transferiu-se para a Argélia e em 1975 foi a Moscou e retomou os contatos com o PCB e Luís Carlos Prestes. Del Roio foi também um dos responsáveis pela recuperação de importante parte do acervo documental do PCB, que estava ameaçado pelas constantes buscas de órgãos militares de repressão. As coleções compreendiam peças únicas de jornais, revistas e livros do movimento operário das primeiras décadas do século XX. Se fossem apreendidas, seria quase certa a sua destruição. 

Numa arriscada operação, a estrutura do partido conseguiu retirar do Brasil o acervo, sendo criado em Milão o Archivio Storico del Movimento Operaio Brasilliano, organizado por Del Roio — circunstância que fez com que ele se estabelecesse definitivamente na Itália.

Sobre o 1º de maio

Em 1886 realizou-se uma manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago nos Estados Unidos. Essa manifestação tinha como finalidade reivindicar a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias e teve a participação de milhares de pessoas. Nesse dia uma greve geral teve início nos EUA. No dia 3 de maio houve um confronto com a polícia, que acabou com a morte de alguns manifestantes. No dia seguinte, nova manifestação foi organizada como protesto pelos acontecimentos dos dias anteriores, tendo terminado com o lançamento de uma bomba por desconhecidos para o meio dos policiais. A polícia abriu fogo sobre a multidão, matando doze pessoas e ferindo dezenas. Três anos mais tarde, em 1889, a segunda Internacional Socialista reunida em Paris decidiu convocar anualmente uma manifestação com o objetivo de lutar pelas 8 horas de trabalho diário. A data escolhida foi o 1º de maio, como homenagem às lutas sindicais de Chicago.


 
 
 
   
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