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  Temporão e Centrais na luta pela comunicação a serviço da saúde

  31/03/2008

Na tarde da segunda-feira (31), no auditório do Teatro Next, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, falou da importância da comunicação a serviço da saúde e se comprometeu a estreitar laços com as Centrais Sindicais. Num encontro inédito (veja as fotos), o ministro e representantes das seis Centrais (CUT, CTB, CGTB, Força Sindical, Nova Central, UGT) discutiram formas para estabelecer uma ponte entre o ministério e o movimento sindical para a construção de uma agenda conjunta para a redução e informação dos acidentes de trabalho e doenças profissionais.

Hoje, só no estado de São Paulo, morrem aproximadamente 200 trabalhadores a cada 15 dias. São cerca de cinco mil mortes por ano em acidentes relacionados ao ambiente de trabalho. “E nada aparece na imprensa”, enfatizou Sérgio Gomes, diretor da OBORÉ. Tão grave quanto os números é a falta de informação sobre o tema. Matérias sobre saúde e morte de trabalhadores raramente ganham as páginas dos jornais.

A imprensa sindical, responsável pela inserção de mais de 10 milhões de exemplares por mês nas ruas, também não traz à tona essa discussão. “Nós não temos um canal com o ministério. Por isso, nossa imprensa pouco se preocupa com o assunto, mas se bem aproveitada, poderia ser uma grande aliada e a informação chegaria mais rápido aos trabalhadores do nosso país”, justificou o representante da Central Única dos Trabalhadores, Siderlei Oliveira.

“Podemos estabelecer parcerias, pontes para que o Ministério da Saúde consiga disseminar suas ações em mídias que chegam realmente a tantos lugares e trabalhadores, como a imprensa sindical, num esforço para fortalecer o SUS. Estamos aqui hoje para dar início a esse processo”, disse o ministro. Há 18 anos, uma lei editada para promoção, proteção e recuperação da saúde, garante informação ao trabalhador e à sua entidade sindical sobre os riscos de acidente de trabalho.

Para Temporão, comunicação, informação e educação são eixos fundamentais para informar adequadamente os brasileiros sobre as questões que envolvem a saúde. Além de serem fundamentais para a construção de uma consciência política sobre saúde e qualidade de vida. Segundo ele, o Ministério da Saúde pretende também trabalhar a questão regional de forma diferenciada.

A aproximação do Ministério da Saúde e dos sindicatos foi unânime na fala dos representantes das Centrais. Jorge Alves, da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil, destacou a importância do momento. "É uma demonstração de que o Ministério da Saúde está disposto a colaborar. Por isso, essa é uma iniciativa muito positiva, pois permite que haja contato direto entre o movimento sindical e o ministério para que juntos a gente consiga enfrentar e solucionar esses problemas", disse.

Compromisso assumido, agora o próximo passo, de acordo com o ministro, é agendar outra conversa com as Centrais para começar a construção desse processo. “Foi uma grande vitória. Não podemos deixar o assunto morrer. Temos que fortalecer as discussões dentro das Centrais e concretizar isso que começou aqui”, disse Manuel Xavier, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil.

A reunião foi mais um dos eventos realizados pela OBORÉ, em parceria com a Agência Sindical, para aproximar os governos estadual, municipal e federal, centrais sindicais, comunicadores da imprensa sindical e radialistas da luta pela comunicação a serviço da saúde. Além das Centrais, estiveram presentes representantes da Secretaria Estadual de Saúde, radialistas da Rede de Comunicadores pela Saúde, jornalistas da imprensa sindical, alunos de jornalismo do módulo Descobrir São Paulo – Descobrir-se repórter, do Projeto Repórter do Futuro e a equipe da OBORÉ. Veja todas as fotos do encontro.

Homenagem

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Ministro Temporão recebe troféu do Prêmio Keiko Ogura de Sérgio Gomes.

Antes da reunião com  as Centrais, o ministro Temporão esteve com  a equipe da OBORÉ para uma breve homenagem. Na ocasião, Sérgio Gomes enfatizou a satisfação da Casa em receber uma autoridade que não esqueceu suas origens – na luta pela promoção da saúde – e que hoje atua, trazendo à tona discussões iniciadas na década de 1970 sobre o Sistema Único de Saúde. “Vários dos que estão aqui hoje se relacionam de alguma forma com as lutas pela promoção da saúde e defesa da saúde dos trabalhadores. Por isso, é muito bom ter hoje à frente do Ministério da Saúde, uma pessoa que realmente sabe o que se passa, pois participou ativamente da formulação disso tudo”, disse.

Ao lado de nomes com David Capistrano e Sérgio Arouca, Temporão fez parte do Movimento da Reforma Sanitária Brasileira, responsável pela implantação da maior política de inclusão social desde o governo Vargas inscrita na Constituição de 1988: o Sistema Único de Saúde com sua máxima "saúde como direito de todos e dever do Estado". “Mais de trinta anos se passaram e a vida fez com que eu acabasse ocupando esse cargo no Ministério e eu trago essa minha história nas ações que desempenhamos lá. Essa questão das relações da saúde com o processo produtivo, sempre me marcaram muito, pois iniciei meus atendimentos numa fábrica. O ministério tem uma agenda política, hoje, que retoma temas muito caros do ponto de vista da história do Movimento da Reforma Sanitária e nisso eu destacaria um forte compromisso com a questão da promoção da saúde e, na realidade, da construção da consciência política do povo sobre saúde”, afirmou Temporão.

Nesse sentido, comunicação, educação e informação passaram a ter um papel central em qualquer proposta de política de saúde dentro do Ministério, segundo Temporão. “Não é coadjuvante ou acessório. O centro do processo de construção da consciência sanitária é a comunicação. É assim temos tentado pensar no Ministério. Mas não é um processo fácil, pois é complicado conseguir um espaço nos meios de comunicação tradicionais pra uma política inovadora. Isso é muito difícil. Daí a importância de construirmos meios alternativos de comunicação e informação. O rádio, nesse sentido, tem um papel muito importante”, destacou o ministro.

A OBORÉ descobriu esse papel multiplicador do rádio há 15 anos, quando foi instigada a pensar uma série de programas para a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). “Aí descobrimos um mundo imenso que não lê”, contou Sérgio Gomes.  “A partir daí, nos últimos nove anos, temos nos dedicado a um trabalho que denominamos Rede de Comunicadores pela Saúde, para que os radialistas levassem regularmente às comunidades informações sobre saúde”, afirmou.

Desde 1999, a OBORÉ se dedica a esse trabalho com a Rede de Comunicadores pela Saúde. O projeto conta com a eficácia do rádio e com o empenho dos radialistas na disseminação de assuntos ligados à prevenção e propõe-se a colaborar na formação desses comunicadores para o controle social das políticas de saúde orientadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A Rede conta com a adesão voluntária de emissoras comerciais e comunitárias, em todo o Brasil, na transmissão regular do Plantão Saúde – programa semanal, criado por inspiração e incentivo de Adib Jatene e David Capistrano Filho, que desafiaram a equipe da OBORÉ a apontar ações na área da comunicação popular que pudessem contribuir na divulgação das políticas públicas de saúde e no fortalecimento dos princípios do SUS. 

Hoje, cerca de 400 rádios veiculam gratuitamente os quatro programas mensais que privilegiam, em suas pautas, a prevenção e promoção da saúde, alinhando-se às campanhas regulares do Ministério da Saúde. 

Sérgio Gomes entregou ao ministro uma série de documentos sobre o trabalho da OBORÉ na área da saúde. Entre eles, o programa Plantão Saúde de abril, a Cartilha e Guia de Fontes para Radialistas (feita em parceria com o Ministério da Saúde sobre a Política Nacional de Saúde do Trabalhador), os informativos com as resoluções da Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador, o Mapa de Veiculação do Plantão Saúde, entre outros. O ministro também recebeu o pequeno jornaleiro, símbolo da Casa, e o troféu do Prêmio Keiko Ogura, oferecido pela OBORÉ aos radialistas em quem o povo mais confia.
 
Temporão ainda inaugurou o espaço Davizinho Capistrano, uma homenagem da OBORÉ ao grande sanitarista e parceiro da Casa que faleceu em 2000. Agora, todos os estúdios de rádio da OBORÉ levam seu nome.

placa (Small)
Ministro da Saúde inaugura placa em homenagem a David Capistrano 

Veja quem estava presente no encontro:

Aline Moraes da Silva, estudante de jornalismo e do Projeto Repórter do Futuro, da OBORÉ
Ana Luisa Zaniboni Gomes, OBORÉ
Ana Luiza Decloedt, OBORÈ
Anchieta Filho, rádio Jovem Pan
Aquiles Rique Reis, músico
Arnaldo Gonçalves, Força Sindical
Branca Rosa, WeDo Comunicação
Bruno Huberman, estudante de jornalismo e do Projeto Repórter do Futuro, da OBORÉ
Célia Nascimento, OBORÉ
Christiane Peres, OBORÉ
Cristiane Toshie Komesu, estudante de jornalismo e do Projeto Repórter do Futuro, da OBORÉ
Cristina Cavalcanti, OBORÉ
Daniel Milazzo, Terra Magazine
Daniella de Andrade Gomes, estudante de jornalismo e do Projeto Repórter do Futuro, da OBORÉ
David Braga, Hospital do Servidor Público
Dayane Santos, Agência Sindical
Débora Genezim, Hospital Premier
Elenildo Queiróz, Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos
Eva Vaz, OBORÉ
Fábio Casseb, Força Sindical
Fabíola Perez Corrêa, estudante de jornalismo e do Projeto Repórter do Futuro, da OBORÉ
Fátima Lima, OBORÉ
Fernando Figueiredo, estudante de jornalismo e do Projeto Repórter do Futuro, da OBORÉ
João Arnaldo, Federação dos Bancários
João Franzin, Agência Sindical
Jorge Alves, CGTB
José Carlos do Carmo, CEREST/SP
José Gomes Temporão, ministro da Saúde
Juliana Belda, estudante de jornalismo e do Projeto Repórter do Futuro, da OBORÉ
Koshiro Otani, CEREST/SP
Luiz Carvalho, CUT
Luiz Gonçalves, Nova Central
Manuel Xavier, CTB
Marco Antonio Pérez, Ministério da Saúde
Marco Palmanhani, CUT
Maria do Carmo, Sindicato dos Empregados Bancários
Maria Maeno, Fundacentro
Mariana Felippe de Oliveira, estudante de jornalismo e do Projeto Repórter do Futuro, da OBORÉ
Nailzon Souza, Sindicato dos Motoristas de São Paulo
Nuno Mendes, radialista
Patrícia Marques, CEREST/SP
Pedro Ortiz, TV USP/CNU
Pedro Serrer, OBORÉ
Reginaldo Breda, UGT
Renata Grota, Sindicato dos Servidores de Guarulhos
Renata Souza, Jornal Contraponto
Robson Gazola, Federação dos Comerciários
Rodrigo Savazoni, OBORÉ
Samir Salman, Hospital Premier
Sérgio Gomes, OBORÉ
Siderlei Oliveira, CUT
Susan Ribeiro, Federação dos Bancários
Tatiane Cristina Ribeiro, estudante de jornalismo e do Projeto Repórter do Futuro, da OBORÉ
Toni C., Nação Hip Hop Brasil
Valderez Caetano, Ministério da Saúde
Victor Ferreira, estudante de jornalismo e do Projeto Repórter do Futuro, da OBORÉ
Vilma Akemi Okamoto, CEREST/SP


 
 
 
   
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