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  Pesquisadores de rádio e mídia sonora publicam carta sobre implantação do rádio digital no Brasil

  13/09/2007

CARTA DOS PESQUISADORES DE RÁDIO E MÍDIA SONORA DO BRASIL

Nós, os 72 abaixo-assinados, pesquisadores e professores universitários de Comunicação Social e áreas afins [pesquisa.radio@yahoo.com.br], todos tendo por objeto de estudo a radiodifusão sonora, tornamos pública nossa preocupação a respeito do processo de implantação do rádio digital em nosso país. Não nos movem para tanto interesses de ordem partidária. Apenas queremos que a oportunidade tecnológica posta à frente de todos sirva ao bem comum e ao desenvolvimento do Brasil. Temos clara a importância do veículo para a população do país, do empresário que acompanha a evolução dos índices da economia ao trabalhador a quem o rádio oferece certo grau de solidariedade. Temos, também, consciência dos problemas deste meio em suas vertentes comercial, educativa e comunitária, que se deparam com a encruzilhada da convergência multimídia.
Realizando estudos a respeito há vários anos, acompanhamos tanto as políticas e as estratégias públicas para a introdução da tecnologia digital como os movimentos da classe empresarial e das organizações da sociedade civil a respeito. Alertamos, portanto, para o que foi constatado até agora:

1. Preocupa-nos que os testes com o padrão digital IBOC (in-band on-channel) estejam sendo realizados pelas emissoras autorizadas sem a utilização de uma metodologia ou padronização de critérios e procedimentos compatíveis com as condições brasileiras. A ausência de uma padronização impede a obtenção de resultados consistentes dos experimentos que permitam saber com segurança se, por exemplo, o padrão em teste provoca ou não interferência mútua entre os sinais digital e analógico. 

2. Entendemos que o padrão de rádio digital a ser adotado deve ser capaz de garantir eficiência de transmissão em qualquer situação de recepção. Embora os testes realizados não tenham padronização, é possível identificar alguns problemas de adequação do padrão IBOC às características de cada localidade, como edificações e topografia e problemas de poluição radioelétrica. Pesquisadores que acompanharam testes em emissoras observaram problemas de interrupções abruptas do sinal digital em locais onde havia fios de alta tensão (rede elétrica), prédios e túneis, forçando o aparelho receptor a transmitir em analógico, com um delay que pode chegar a oito segundos.

3. Preocupa-nos o fato de que processo de digitalização poderá trazer dificuldades de adaptação para a maior parte das emissoras, sobretudo as pequenas e médias instaladas no interior, as educativas e as comunitárias, por falta de recursos para investimento. É provável que 50% das estações em funcionamento precisem trocar transmissores a válvulas por modulares para se adaptarem à tecnologia digital. Investimento igualmente significativo será necessário para digitalizar o processo de produção radiofônica, com a troca de equipamentos de estúdio, especialmente se for considerado o baixo nível de informatização interna das rádios no interior do país. É desejável que o padrão a ser adotado permita maior grau possível de aproveitamento de infra-estrutura existente e que apresente custos compatíveis com os diversos tipos de emissoras. A adoção de uma tecnologia não pode ser um fator de aprofundamento de diferenças de padrões técnicos e de produção já existente entre as estações de grande porte e as demais - pequenas e médias - que integram o sistema de radiodifusão brasileiro. 

4. Inquieta-nos saber que o padrão em teste é uma tecnologia proprietária, cujos custos de royalties poderão inviabilizar a sua adoção por parte de emissoras comunitárias e educativas. Além disso, essa condição coloca os radiodifusores sujeitos aos ditames da empresa, a iBiquity Digital Corporation, que administra os direitos de uso da tecnologia. Podem, assim, perder o controle sob o gerenciamento do processo de instalação e definição de equipamentos.

5. Entendemos que a tecnologia de transmissão a ser escolhida terá de ser flexível, a ponto de favorecer a integração do rádio com as demais mídias e com sistemas de redes informatizadas. É importante que o sistema de transmissão tenha ferramentas multimídia que possibilitem a oferta de conteúdo na tela de cristal líquido do receptor digital ou em outras plataformas de mídia convergente. No entanto, essa vantagem tecnológica, que poderá representar receita adicional, não foi testada pelas emissoras autorizadas pela Agência Nacional de Telecomunicações. 


6. Consideramos que a adoção de qualquer padrão digital deve ser precedida por uma ampla análise técnica sobre as condições de funcionamento da tecnologia em outros países. Chama atenção o pedido de ampliação do uso de espectro de 200 kHz para 250 kHz apresentado em julho de 2007 pela iBiquity, proprietária norte-americana do padrão IBOC, junto à Federal Communications Commission (FCC). Esta alteração é uma demanda técnica, sem a qual o padrão não apresentará um desempenho satisfatório. Se for concedida pela FCC, a ampliação de freqüência poderá significar a redução de cerca de 30% no total de canais em freqüência modulada hoje disponíveis naquele país. Partilhamos da opinião da Benton Foundation, organização internacional dedicada à articulação de políticas para o uso da comunicação na solução de problemas sociais e em prol do desenvolvimento, que vê no aumento da largura do canal ocupado por uma estação uma possibilidade de redução de disponibilidade de espectro para eventuais novos atores.

7. Causa-nos estranheza a inexistência de canais de retorno no sistema digital em teste. Sem esse recurso, perde-se a interatividade, justamente um dos aspectos destacados como positivos no processo de introdução da televisão digital no país. Isto, portanto, pode significar ampliação das disparidades existentes entre os dois veículos e perda, no caso específico do rádio, da possibilidade de intensificar a participação dos ouvintes nas estratégias de programação das emissoras.  

De modo geral, alertamos para a perda de uma oportunidade, se embasada em estudos mais acurados, de transformação positiva do rádio, ampliando não só suas possibilidades comerciais, educativas e comunitárias, mas também produzindo condições para um efetivo exercício da cidadania e contribuindo para o desenvolvimento do Brasil, de forma democrática, ampla e solidária. Lembramos, ainda, que a oportunidade atual deve servir ao crescimento do setor como um todo, crescimento este que vai além do mero faturamento comercial, mas significa novos postos de trabalho e maior interação social.

Ficamos à disposição para esclarecimentos através do e-mail pesquisa.radio@yahoo.com.br

 

1.                  Álvaro Bufarah Júnior

Mestre

SSP-SP 21868774-6

2.                  Ângelo Pedro Piovesan Neto

Doutor

SSP-SP 6861728

3.                  Ana Baumworcel

Mestre

IFP-RJ 039533591

4.                  Ana Luisa Zaniboni Gomes

Mestre

SSP-SP 13561469

5.                  Andréa Pinheiro

Mestre

SSP-CE 91002187853

6.                  Antonio Adami

Doutor

SSP-SP 11321633

7.                  Antônio Francisco Magnoni

Doutor

SSP-SP 12386329

8.                  Ayêska Paulafreitas de Lacerda

Doutoranda

SSP-BA 74485032

9.                  Bibiana de Paula Friderichs

Mestre

SSP-RS 1055842502

10.              Carlos Eduardo Esch

Doutor

SSP-MG M3406826

11.              Carmen Lúcia José

Doutora

SSP-SP 3582128

12.              César Augusto Azevedo dos Santos

Mestre

SSP-RS 6005897027

13.              Cida Golin

Doutora

SSP-RS 8012609015

14.              Claudia Irene de Quadros

Doutora

SSP-PR 4190730-4

15.              Clóvis Reis

Doutor

SSP-SC 1843226-3

16.              Daniel Gambaro

Graduado

SSP-SP 33864740-5

17.              Daniela Carvalho

Mestre

SSP-MG 10050705

18.              Daniela Ota

Doutora

SSP-MS 745759

19.              Doris Fagundes Haussen

Doutora

SSP-RS 1004321798

20.              Eduardo Meditsch

Doutor

SSP-RS 6016024744

21.              Eduardo Vicente

Doutor

SSP-SP 11054717-2

22.              Flávia Lúcia Bazan Bespalhok

Mestre

SSP-PR 6941085-5

23.              Flávio Falciano

Mestre

SSP-SP 18318432-4

24.              Francisco de Moura Pinheiro

Mestre

SSP-AC 44235

25.              Gilda Soares Miranda

Mestre

SSP-ES 333520

26.              Gisele Sayeg Nunes Ferreira

Doutoranda

SSP-SP 11772168-2

27.              Graziela Soares Bianchi

Doutoranda

SSP-RS 3066860143

28.              Heloísa de Araújo Duarte Valente

Doutora

SSP/SP 11 246 442

29.              Hernando Gutiérrez

Doutorando

SIMCRE/CGPMAF/SP V283598-J

30.              Irineu Guerrini Júnior

Doutor

SSP-SP 3370265

31.              Jandira Aparecida Alves de Rezende

Mestre

SSP-SP 5398486

32.              João Batista de Abreu Junior

Doutor

IFP-RJ 3074194-6

33.              João Batista Neto Chamadoira

Doutor

SSP-SP 3150104

34.              José Eduardo Ribeiro de Paiva

Doutor

SSP-SP 7709614

35.              José Eugênio de Menezes

Doutor

SSP-PR 1959706

36.              Júlia Lúcia de Oliveira da Silva

Mestre

SSP-SP 195132609

37.              Lenize Villaça

Mestre

SSP-SP 21709331-0

38.              Lia Calabre

Doutora

IFP-RJ 04699596-8

39.              Lílian Zaremba

Doutora

IFP-RJ 3314413-0

40.              Luciana Miranda Costa

Doutora

SSP-SP 11583632

41.              Luciano Klöckner

Doutor

SSP-RS 4013377331

42.              Luiz Antonio Veloso Siqueira

Mestre

SSP-SP 7204716-1

43.              Luiz Artur Ferraretto

Doutor

SJS-RS 2027623459

44.              Macello Medeiros

Doutorando

SSP-BA 09331127-34

45.              Magaly Prado

Mestranda

SSP-SP 7740095

46.              Marcelo Cardoso

Especialista

SSP-SP 16839585

47.      , ;        , Maria Clara Lanari Bó

Especialista

SSP-RJ 2864244-5

48.              Márcia Detoni

Mestre

SSP-RS 6060525521

49.              Marcos Júlio Sergl

Doutor

SSP-SP 642974-2

50.              Mário Ramão Villalva Filho

Mestre

SSP-SP 15590676-8

51.              Marta Regina Maia

Doutora

SSP-SP 15304409-3

52.              Mauro José Sá Rego Costa

Doutor

IFP/RJ 02118134-2

53.              Mirna Spritzer

Doutora

SJS-RS 9005242145

54.              Moacir Barbosa de Sousa

Doutor

SSP-PB 245384

55.              Mônica Panis Kaseker

Mestre

SSP-SP 20690133

56.              Mozahir Salomão Bruck

Doutorando

SSPR11;MG M 2872925

57.              Nair Prata

Doutoranda

SSP-MG M-1355648

58.              Nélia Del Bianco

Doutora

SSP-GO 1024211

59.              Patrícia Rangel

Mestranda

SSP-SP 17119827-x

60.              Pedro Vaz Filho

Mestre

SSP-SP 11411277-0

61.              Ricardo Leandro de Medeiros

Doutor

SSP-SC 1512582-3

62.              Rosana Beneton

Mestre

SSP-SP 3573955

63.              Rúbia Vasques

Doutora

SSP-SP 26888779-2

64.              Sandra Sueli Garcia de Sousa

Doutoranda

SSP-PA 1830116

65.              Sônia Caldas Pessoa

Mestre

SSP-MG 5559337

66.              Thais Renata Poletto

Mestre

II-PR 5921322-9

67.              Sonia Virgínia Moreira

Doutora

IFP-RJ 04971830

68.              Waldiane de Ávila Fialho

Mestre

SSP-MG 6881984

69.              Wanderlei de Britto

Mestre

SSP-RS 1017991652

70.              Wanir Campelo Siqueira

Mestre

SSP-MG M-366314

71.              Valci Regina Mousquer Zuculoto

Doutoranda

SSP-RS 5033857805

72.              Vera Lúcia Guimarães Rezende

Mestre

SSP-SP 1.634.161

 
 
 
   
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