16/03/2007
Por que o rádio, tão acessível e popular num país como o Brasil, caminha em descompasso com as políticas públicas? Essa é a principal questão que direciona a dissertação de mestrado em Ciências da Comunicação da jornalista Ana Luisa Zaniboni Gomes, diretora da OBORÉ, defendida no dia primeiro de março, na Escola de Comunicações e Artes da USP.
A análise do nível de desencontro do veículo com as políticas públicas teve como foco 142 emissoras de rádio comerciais e comunitárias parceiras da Rede de Comunicadores pela Saúde, de diferentes naturezas e expressões, instaladas em 138 municípios de 19 estados do Brasil. A pesquisa também possibilitou o mapeamento do perfil e das demandas de informação e formação de 155 comunicadores populares.
De acordo com Ana Luisa, "a pesquisa joga luz sobre um tema muito discutido mas ainda pouco efetivado na prática - a comunicação como aliada no controle das políticas públicas. E remete a uma reflexão sobre o potencial do rádio neste campo, um assunto que interessa não só aos profissionais da área da comunicação mas também aos da área da saúde e das demais áreas sociais. O radialista, por ser formador de opinião e ter legitimidade local, é o grande responsável pela qualidade das informações geradas nos seus programas. Daí o papel colaborador deste profissional no controle social das políticas públicas em sua cidade, seu bairro, sua comunidade. Ao conhecer e relacionar as políticas públicas às questões cotidianas locais, o radialista passa a atuar como protagonista do controle social".
O estudo conclui que elevar o nível de conhecimento e de conscientização dos comunicadores para que eles estejam habilitados para conversas mais consistentes com o seu público é ressignificar o rádio para uma atuação cooperante e concomitante nos muitos espaços educativos que se propõem ao serviço da democracia: "É devolver ao rádio seus ouvidos, que aos poucos foram se ensurdecendo, e convocar de seus microfones outras palavras, agora musculadas por sua consciência crítica".
Ana Luisa foi orientada em seu Mestrado pelo Prof. Dr. Adilson Odair Citelli, livre-docente e chefe do Departamento de Comunicações e Artes da ECA-USP. A Banca contou com a participação da Profa. Dra. Maria Immacolata Vassalo de Lopes, da ECA, e da Profa. Dra. Cicília Peruzzo, da Universidade Metodista de São Paulo.
A íntegra da Dissertação FORMAÇÃO DE RADIALISTAS NA ERA DA INCLUSÃO DISCURSIVA: UMA REFLEXÃO SOBRE A CONDIÇÃO COMUNICATIVO-EDUCATIVA DO RÁDIO NO CAMPO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS está disponível aqui (nota: arquivo em formato pdf - necessitando de um leitor para o arquivo, clique aqui).
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