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27/11/2006
Jornalistas especializados na cobertura de situações de conflito armado e violência interna participarão, nos dias 11, 12 e 13 de dezembro, em São Paulo, de um curso de informação que reunirá militares, juristas, jornalistas e trabalhadores humanitários brasileiros e estrangeiros interessados em conhecer a experiência humanitária do CICV - Comitê Internacional da Cruz Vermelha e debater sobre as normas internacionais aplicáveis tanto em situações de conflito armado quanto em outras situações de violência.
O curso é promovido pela ABRAJI - Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo
e pela OBORÉ Projetos Especiais, com apoio do CICV e dos jornais Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo, da Rádio CBN, do SBT e da TV Globo, que indicaram os jornalistas de suas redações com melhor perfil para participar do curso.
O programa dará ênfase às normas internacionais aplicáveis em situações de conflito armado internacional, conflito armado interno e em outras situações de violência. A intenção é mostrar à imprensa balizadores jurídicos úteis para a observação e a interpretação de fatos ocorridos nestas situações, baseando a análise jornalística dos fatos em indicadores de proporção, distinção e precaução no uso de meios e métodos de guerra, ou nas normas que regulam o trabalho policial. A proteção a que têm direito certas categorias de pessoas, nas situações de conflito armado, como os civis – entre eles os jornalistas – os combatentes rendidos, feridos ou capturados, além do pessoal médico, também estará entre os tópicos
abordados.
Em todo o mundo, o CICV promove ou apóia iniciativas que contribuam para aumentar o conhecimento e o respeito às normas do Direito Internacional Humanitário, além de fomentar a integração das normas internacionais aplicáveis ao uso da força e armas de fogo no trabalho policial de restauração e manutenção da ordem pública. No Brasil, onde a organização mantém presença permanente desde 1991, este trabalho já era realizado com estudantes de jornalismo, através de um curso anual, e através de contatos bilaterais com jornalistas que cobriam temas relacionados aos conflitos armados. Este é o primeiro curso para jornalistas apoiado pelo CICV no Brasil.
Os encontros acontecerão no espaço Aloysio Biondi / Centro de Imprensa da OBORÉ, na Rua Rego Freitas, 454, 8º andar, conjunto 83, Vila Buarque - São Paulo.
Mais informações sobre o CICV:
João Paulo Charleaux, CICV Brasília, tel. ++ 55 61 3248 0250 ou ++ 55 61 8122 0119
Consulte www.cicr.org
Para falar com a secretaria do curso:
Denise Perotti, ABRAJI, tel. ++ 55 11 9917 3996
Tatiane Cristina, ABRAJI, tel. ++ 55 11 3224 3188
Organizadores:
Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI)
OBORÉ Projetos Especiais em Comunicações e Artes
Apoiadores:
Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV); Folha de S. Paulo; O Estado de S. Paulo; O Globo; Rádio CBN; SBT; TV Globo
Programação: Jornalismo em situações de conflito armado e outras situações de violência - 11, 12 e 13 de dezembro de 2006, São Paulo.
* 11 de dezenbro, segunda-feira, 9h30 - 12h30:
General Augusto Heleno, ex-comandante brasileiro das tropas da Missão para a Estabilização do Haiti (Minustah).
Heleno expõe a visão dos militares brasileiros sobre o trabalho da imprensa no Haiti. Com base em sua experiência prática de convivência e interação com jornalistas brasileiros e estrangeiros em terreno, Heleno é capaz de fazer uma análise crítica da postura dos jornalistas, evidenciar o
despreparo, a falta de dinheiro, a falta de tempo, as dimensões e peso de equipamentos inadequados para este tipo de cobertura, a relação de confiança e desconfiança entre jornalistas e militares, o "dilema da carona" nos aviões da FAB, o medo dos jornalistas em buscar contato com os grupos armados, o desconhecimento da língua e outros problemas inerentes a coberturas como esta.
* 12 de dezembro, terça-feira, 9h30 – 12h30:
Michel Minnig, representante do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) para Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai. Suíço, de 54 anos, licenciado em Ciências Políticas e Altos Estudos Internacionais, Michel tem 20 anos de experiência operacional como delegado do CICV, tendo trabalhado em países como Iraque, Líbano, Ruanda, Rússia, Nicarágua, Iugoslávia, Azerbaijão e Peru. Foi protagonista, como facilitador humanitário neutro, de dois episódios emblemáticos recentes: a tomada da Embaixada do Japão em Lima, e a tomada do teatro de Moscou por tchetchenos.
Minnig fala sobre problemáticas humanitárias recentes, provocadas por situações de conflito armado e outras situações de violência, e a resposta do CICV frente a estas situações. Apresenta o perfil de atuação da mais antiga organização humanitária do mundo, fala de sua relação com a imprensa e aborda a importância do respeito às leis mesmo nas situações de conflito armado. Fala da presença da organização no Brasil e de seu ponto de vista sobre as problemáticas humanitárias resultantes das situações de violência.
Gabriel Valladares, assessor jurídico do CICV para Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai. Formado em Direito pela Universidade de Buenos Aires, na Argentina, já atuou em diversas missões humanitárias relacionadas à proteção e assistência a pessoas privadas de liberdade na América Latina. Assessorou juridicamente vários Estados latinos na formação e no funcionamento de suas comissões nacionais de Direito Internacional Humanitário e na adoção da legislação adequada para a perseguição de criminosos de guerra através dos tribunais nacionais e do Tribunal Penal Internacional.
Valladares fala das normas internacionais aplicáveis em situações de conflito armado internacional, conflito armado interno e em outras situações de violência, apresentando balizadores jurídicos úteis para a observação e a interpretação de fatos ocorridos nestas situações, baseando a análise jornalística em indicadores de proporção, distinção e precaução
no uso de meios e métodos de guerra, ou as nas normas que regulam o trabalho policial. Explica a classificação jurídica do jornalista que trabalha em missões perigosas, esmiuçando conceitos como "correspondente de guerra" e embutido, e sua conseqüência prática para o exercício da
profissão.
* 13 de dezembro, quarta-feira, 9h30 – 12h30:
William Waack, jornalista, apresentador do Jornal da Globo, foi correspondente internacional por 21 anos e participou da cobertura de nove conflitos armados, entre eles Irã-Iraque, Líbano, Golfo e Kosovo. No Brasil, passou pelas redações de O Globo, Jornal do Brasil, O Estado de S.
Paulo e Veja.
Waack, que foi detido pelo exército iraquiano na Guerra do Golfo de 1991, tem testemunhos pessoais importantes sobre os dilemas enfrentados pelos jornalistas em missões perigosas. Com visão crítica aguçada, ele se propõe a analisar os erros mais comumente cometidos pela imprensa nestas situações. Conhecido pela franqueza com que expõe suas idéias, é capaz de desfazer o falso glamour que envolve o jornalista que cobre conflitos internacionais, trazendo os interlocutores para a rudeza e as dificuldades reais que envolvem a reportagem feita em situações físicas e psicológicas tão adversas. |
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