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10/08/2006
O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar – DIAP acaba de concluir a 10ª edição da pesquisa sobre os dez parlamentares mais importantes do Poder Legislativo, realizada anualmente entre os “Cabeças do Congresso”. Desta vez, o índice de respostas superou as expectativas. Dos 10 “Cabeças”, distribuídos entre 71 deputados e 29 senadores, 87 votaram para a eleição dos dez mais, entre eles 60 deputados e 27 senadores. Somente onze deputados e dois senadores deixaram de votar.
A elite política do Legislativo, de acordo com o resultado da pesquisa, é constituída de cinco deputados e cinco senadores, na seguinte ordem: 1º deputado Aldo Rebelo (PCdoB/SP), com 49 votos; 2º senador Renan Calheiros (PMDB/AL), com 46 votos; 3º senador Arthur Virgílio (PSDB/AM), com 42; 4º senador Aloizio Mercadante (PT/SP), com 35; 5º deputado José Carlos Aleluia (PFL/BA), com 31; 6º senador José Sarney (PMDB/AP), com 30; 7º deputado Arlindo Chinaglia (PT/SP), com 27; 8º senador Antônio Carlos Magalhães (PFL/BA), com 26; 9º Henrique Fontana (PT/RS), com 26; e 10º deputado Rodrigo Maia (PFL/RJ), com 22 votos.
O resultado da pesquisa também fornece algumas pistas importantes sobre os critérios adotados pelos parlamentares para a eleição dos mais influentes: peso político, reputação positiva, (nenhum está envolvido nos escândalos do Mensalão ou dos Sanguessugas), capacidade de articulação e de interlocução política, fazer parte de grupos políticos, influência sobre o partido e, principalmente, poder institucional. Com exceção de Sarney e ACM, que são chefes políticos e ex-presidentes do Congresso, todos os demais exercem postos na estrutura do Legislativo, seja como presidente da Câmara e do Senado, seja como líderes partidários, do Governo ou da Minoria.
Além dos critérios dos que votaram, cinco aspectos chamam a atenção no resultado do levantamento. O primeiro é o número de senadores entre os 10 mais influentes. O Senado tem apenas 29% dos “Cabeças” mas representa 50% da elite. O segundo é o equilíbrio entre oposição e situação. São seis da base do Governo e quatro da oposição, entre estes dois senadores e dois deputados. O terceiro é o peso das regiões Norte e Nordeste, que respondem pela metade dos eleitos como mais influentes. O quarto é a composição ideológica da elite. São quatro parlamentares de esquerda, três de centro, dois de centro-direita e um de direita. O quinto é a distribuição partidária: o primeiro é o PT, partido do Presidente da República e maior partido da base na Câmara, com três parlamentares; o segundo é o PFL, principal partido de oposição, com três parlamentares; o terceiro é o PMDB, com dois, e por último o PSDB, com um e o PCdoB, com um.
No levantamento, de acordo com os votos recebidos, identifica-se um segundo grupo de influência, com diferença que varia entre um e três votos para o 10º colocado, formado quase que exclusivamente por parlamentares de oposição. São eles: o deputado Fernando Gabeira (PV/RJ), com 21 votos; o senador José Agripino (PFL/RN), também com 21 votos; o deputado Jutahy Junior (PSDB/BA), com 20 votos; o senador Jorge Bornhausen (PFL/SC), com 19 votos e o deputado Delfim Netto (PMDB/SP), também com 19 votos; e o senador Tasso Jereissati (PSDB/CE), com 18 votos.
Finalmente, registre-se que o critério para eleição dos dez, desde a primeira edição, sempre foi da livre escolha do parlamentar, podendo tanto votar levando em consideração a lista dos “Cabeças” quanto indicar qualquer outro parlamentar que não faça parte dessa lista. Em abono da seriedade da lista do DIAP, basta dizer que na eleição dos dez nenhum parlamentar que não estava na lista dos “Cabeças” recebeu mais que um voto.
Este, segundo os próprios parlamentares, é o retrato da elite do Congresso brasileiro, tanto do ponto de vista político e ideológico, quanto partidário e regional.
Antônio Augusto de Queiroz é jornalista, analista político e Diretor de Documentação do DIAP – Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar. |
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